7 de Setembro...
O professor de Português uma temeridade! Veio para aterrorizar. Suas avaliações e correções sempre foram motivo de preocupações para os alunos. No segundo bimestre ele sugeriu: “Sete de Setembro a escola vai fazer um desfile jamais visto por todos da nossa cidade, vou dar um ponto na nota para quem participar.”
Acha pouco um ponto na nota? Não era! A turma da oitava série ficou responsável pela ala (não confunda, com a ala de escola de samba) “bandeirante”! Pela história os personagens da ala: bandeirantes, índios, jesuítas, escravos. Correria na escolha e execução das fantasias! Escolhi a do “índio” (índia, é claro!), e, a minha irmã embarcou na idéia, também!
A fantasia seria confeccionada com saco de estopa e penas de galinhas. “Penas de galinha! Como vamos arranjar tantas penas!?”
Ah! Época de quintais repletos de frutíferas, e,... galinheiros, é claro! A família empenhorada ajudou a guardar penas... Dia das Mães, Domingos, Feriados, Dia dos Pais,... muitos frangos, galinhas assadas, cozidas, fritas em pedaços, depois,... um saco de penas coloridas (diga-se de passagem todas de galináceos carijós) esperavam para serem coladas. Mãos a obra!
Manhã de desfile! Chuva fina não arrefeceu o entusiasmo, uma marca de todos os alunos. Eu, minha irmã, Angela Morena e mais algumas índias emplumadas formávamos uma tribo, Ângela vestia a batina de um jesuíta, Márcia e mais algumas meninas de vestido branco com uma corda amarrada na cintura lembravam a “escravidão”. Seis ou sete meninos levavam a “comitiva dos bandeirantes”, a frente montados em cavalos de raça, vários bandeirantes caminhavam a pé.
A fanfarra da escola executava os hinos com maestria. Leitor... uma confissão desta que lhe escreve, faltou pouco, mas, muito pouco, para eu realizar o sonho de ser baliza da Banda Marcial... muitos ensaios e coreografias se passaram... a minha mãe descobriu... gorou!
Todos davam o melhor para transformar o desfile em um belo ato cívico. Analisar a consciência de cada um, sobre o motivo de estar ali, naquele desfile cantando o hino nacional, carregando a bandeira de cada um dos estados da federação, como: símbolo da identidade brasileira, não cabe a nós discutir neste momento, nesta crônica!
Saíamos da infância para galgar os árduos caminhos da adolescência e a escola nos ajudou a trilhá-los, através do conhecimento, ordem e acima de tudo respeito aos alunos, mestres e pais! Sim, outros tempos!