Uma do Breninho
A gente pegava o subúrbio das 08 horas e nos deliciávamos até a
Praça da Estação, em B.H.; dali para o Parque Municipal era um pulo.
E a mágica do Parque me transformava em menino, do tamanho deles,
da idade deles. Lá, em meio a tantas crianças, alegria, correria, fotos
no lambe-lambe, andar de burrinho, de carroça puxada por bode, de
carrossel, de barquinho, no avião, de balanço, nos carrinhos batebate,
nas " chicrinhas ", no pula-pula, ah, no "jacaré ", na "lagarta ", no
trenzinho que percorria todo o percurso do Parque, rodeava a lagoa,
o orquidário, o Teatro Francisco Nunes, puxa, era um passeião de
encher os olhos. E nós, meninos, Breninho, Zeninho, Lu e eu, só
felicidade. Gargalhadas, correrias, brincadeiras. Nos entupíamos de
algodão-doce, pipoca, muita água, e no cansaço, nos
espichávamos na grama, até passar a preguiça e após um bom lanche,
íamos jogar pipocas para os peixinhos coloridos e as carpas, na lagoa
do Parque. O tempo passava, a gente nem via.
Na volta, era de ônibus. E na saída geralmente, eu comprava
o que eles pediam. Afinal, domingo no Parque... E lá íamos para a
rodoviária pegar o ônibus. Pois foi num desses domingos que ao
aproximarmos, na volta, da rodoviária, a Lu, no meu colo, o Breno e
o Zener, à frente, junto da mãe. Eu tinha comprado balões, eles
sempre queriam balões, e o Breninho estava com dois da cor azul.
Passamos por uma senhora com duas crianças de colo, sentada na
calçada, esmolando. Nessa época, a escadinha tinha o Breninho, 06
anos, o Zeninho, 04 e a Lu, 03. Já tínhamos passado a senhora e
antes de descermos para o ponto de embarque, de repente, o Breno
fez meia volta e saiu numa correria até as crianças, entregou a cada
uma um balão e voltou correndo pra perto da gente, dizendo:
__ Ah, pai, os meninos ficaram olhando... num pediram, não, e
domingo que vem o senhor compra de novo pra mim...
Aquele ato dele valeu todo o domingo.