ATO DE VER FORMAS.

Ato de ver formas

Acho que toda gente, desde criança, gosta de ficar olhando para o céu e vendo as formas das nuvens. A forma mais comum que muitos falam é: o céu está cheio de carneirinhos.

O tempo que mais gostei de olhar as formas das nuvens me remete a infância, num lugar bem gostoso, que ficava no fundo do quintal da casa onde morava. Havia nesse lugar uma mina, pequena cisterna, na época na minha cidade, chamávamos de mina. Quando falamos em cisterna temos em mente um lugar feito para reservar águas da chuva. Mas essa cisterna não era para reservar água das chuvas. Ela era feita assim: furava-se um buraco, de mais ou menos um metro e meio. Aí aparecia um olho de água que enchia o buraco de água. Isso é chamado de mina. Geralmente as pessoas lavavam roupas perto dessa mina, onde eram fincadas três estacas para apoiar a bacia. E havia também o batedouro, local onde batiam as roupas para tirar o sabão. Minha mãe deixava um monte de roupas no chão e pegava um pouco delas, punha na bacia, que ela já havia enchido de água da mina e ficava esfregando as roupas. Eu ficava deitada em cima das roupas que ainda estavam por lavar, olhando as nuvens formando desenhos, as bananeiras e ouvindo o canto dos pássaros nas árvores. Muita saudade tenho desses momentos naquele lugar. Após minha mãe esfregar as roupas, ela punha no sol para quarar um pouco, enxaguava e colocava de novo na bacia e levava para pendurar no varal.

O varal era de arame farpado. Naquele tempo, ninguém usava prendedor de roupas na minha cidade.

Até hoje gosto de olhar as formas das nuvens, mas hoje as olho de minhas janelas.