E se as sombrinhas se revoltarem?

Pensando sobre para onde vão os objetos perdidos lembrei que quando criança detestava minhas sombrinhas e tentava perde-las, muitas vezes sem sucesso.

Na escola, a servente que limpava minha sala corria chamando meu nome e empunhando aquele estampadinho floral com cabinho metálico escolhido pela minha mãe e lá se ia minha tentativa de desfazer-me dela.

No ônibus era mais fácil eu escondia embaixo do banco e poucas vezes alguém via a tempo de

me devolver.

Foram tantas armações, feitas para me proteger da chuva, que escondi para tentar perder que me deu agora uma espécie de medo.

E se elas estiverem todas em algum lugar ressentidas pelo meu desprezo?

Será que com a chegada do verão planejam esconder de mim o Sol como vingança? Espero que não.

Em algum buraco de Alice, devem estar fazendo companhias, para minhas sombrinhas perdidas, as fotos que guardei e nunca mais achei e com certeza muitas tarrachinhas de brinco que criam pernas e se aposentam ou são levadas por duendes. Sei lá!

Pergunto-me não só para onde vão os objetos perdidos, mas também se eles se sentem abandonados e vou me enchendo de arrependimentos.

Prometo nunca mais abandonar minhas sombrinhas.

Bárbara A Sanco
Enviado por Bárbara A Sanco em 06/09/2012
Reeditado em 06/09/2012
Código do texto: T3867833
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.