AMAI

Diz Wayne W.Dyer (1) que um dos grandes fatores da queda de auto-estima está baseado na própria sociedade num paradoxo: há muito se propõe como máxima moral "amar ao próximo como a si mesmo" ao mesmo tempo em que se inculca desde a infância que 'amar a si' é egoismo. Ele adverte: "nessa sociedade se tem muitos problemas com o próximo, pois o amor aos demais está relacionado diretamente com o amor que se tem a si mesmo". Por outro lado, decorrente dessa cobrança onde se procura "mostrar que os demais têm importância e tu és insignificante" há sim uma hipocrisia disseminada na sociedade ocidental desde muito tempo.

E mais: "o amor é uma palavra que tem tantas definições como há pessoas para defini-lo". O princípio está em que naturalmente desde a infância se descortina o mundo como agradável e que "as crianças se consideram a si e às outras como bonitas e importantes por natureza", mas as 'mensagens da sociedade' (diretas e indiretas), como "cada um deve saber qual é o seu lugar" por exemplo, vão fincando raízes, a desconfiança em si mesmos paulatinamente cresce "e com o passar dos anos esta sensação recebe constantemente reforços". O amor precisa ser sentido interiormente em sua realidade para transbordar, sendo reconhecido pela interação amorosa adulto-criança (pais, mães, professores etc).

Pode-se aproveitar para um reparo interessante: hoje em dia talvez a tradução da frase de exortação mais aproximada do original seria, na realidade "amai ao teu vizinho como a ti mesmo" (2), com todas as consequências disso.

(1) Wayne Walter Dyer é psicoterapeuta, doutor em educação, autor de "Your Erroneous Zones"

(2) Sá, Rodrix & Guarabira gravaram música homônima em 1972