E na terceira pessoa surge um "eu"

O que ela tem?

Acho que nem ela mesma sabe.

Vejo apenas uma lágrima que vai e volta, mas não cai. Não dá tempo de cair, ela não deixa. Odeia ser vista chorando, odeia parecer frágil, odeia que sintam “pena” dela.

O que sente?

Ah, isso se torna mais difícil a cada minuto.

É muito. É pouco. É confuso.

As vezes parece que sente tudo, as vezes parece que não sente absolutamente nada.

Ela só sabe que as vezes dói, as vezes a impede de respirar e as vezes não e as vezes lhe faz um bem sem igual.

O que ela diz?

“Nada”

Não diz nada diretamente. Nada que explique de forma clara.

Ela sorri e diz: “Não é nada”.

Mas eu sei que na verdade o que ela queria era falar e falar e falar... ate esvaziar.

Mas ela não sabe o que dizer. Talvez essa seja a agonia maior pra ela: “Não saber.”

Ela é do tipo que gosta de “saber”, “conhecer”, “entender” as coisas para assim poder dominá-las, pra saber exatamente como agir. Ela é do tipo que planeja, programa, controla, organiza. Gosta de estar preparada.

Ela é do tipo que sai de si pra poder se entender. Escreve textos em terceira pessoa que na verdade falam dela, ela se olha como se estivesse do lado de fora. Tudo pra poder entender. Se entender.

Ela gosta de ter respostas, de dar respostas.

Talvez seja esse o problema dela. Talvez algo ou alguém ainda “sem explicação” tenha surgido na vida dela deixando-a frustrada.

Algo ou alguém que ela não consegue entender.

É uma menina, uma criança. Adora a noite, mas o escuro lhe assusta.

Não é que ela tenha medo do escuro, ela só tem medo do que não é claro. Do que ela não pode ver. Do que não pode entender.

Acho que apagaram as luzes.

Acho que entendi, menina! Apagaram as luzes.

Por isso você esta ai, parada com o olhar perdido. Por isso você não sabe o que falar, fazer nem pra onde ir. Você não vê!

Apagaram as luzes, menina. Alguém quis te pregar uma peça ou simplesmente te ensinar que nem tudo se entende, nem tudo se pode programar, planejar ou controlar. Mas que ainda sim se vive. Mesmo sem “saber”, sem “entender”.

Calma, menina. Isso vai acabar logo.

E você vai tirar uma boa lição disso tudo.

...uma bola lição disso tudo.

RêThaís
Enviado por RêThaís em 06/09/2012
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