Em frente de casa, numa barraquinha beeeeeeeeeem simples, uma senhora, baixinha, gordinha, vendia salgadinhos, pão com queijo, com manteiga e cafezinho em uma garrafa térmica. Os salgados eram fritos, o que me evitou o consumo desenfreado, pois, sempre foram os salgadinhos, minha paixão. Mas, justamente, os assados. Cheguei a comprar pra ela uma revista com 70 receitas de salgados de forno. Em vão. Nunca fez, nem tentou... Vinham sempre com ela, o marido, um senhor bem magrinho, duas filhas, uma de uns 6 e outra de uns 13. Por vezes, ficava só essa mais velha, para deleite da molecada de toda a ladeira...
Muito bem, em uma dessas ocasiões em que a garota ficou sozinha, um cidadão, moço, morador, gastou R$ 9,00 e pendurou. Muito tempo depois, a senhora o encontrou na rua e o cobrou. Dias após, ele veio aqui na barraquinha, quando a senhora estava sozinha e pagou. Só que ao pagar chamou-a de vaca, vagabunda, safada e, por aí abaixo... Eu estava chegando da cidade e só vi o sujeito se afastando e a Lu (senhora) quase enfartando de nervoso. Chamou-me e contou o caso, totalmente ultrajada!
Fiquei sem palavras, porque uma atitude tão pequena, tão mesquinha, tão ridícula, pegou-me totalmente desprevenido. Tentei consolá-la, mas, no fundo, estava envergonhado... De ser homem, de ser humano, de estar vivo, assistindo uma infantilidade dessas, acontecer.
Minha indignação é simples: quem foi que ganhou com o acontecido? Alguém saiu no lucro? De alguma forma? Não! A perda foi de todos. A coisa foi tão feia, que a barraquinha não mais existe. Ela nunca mais voltou. O sujeito: só se atrasou mais um pouco, perante o universo. E, vejam, por besteira. Bobagem total! Como é isso, de dever e na hora de pagar, agredir verbalmente, o credor, como se fosse um criminoso???
O que se passa na cabeça de uma pessoa assim? Este é só um exemplo, de tantos acontecimentos incabíveis, totalmente desnecessários, sob qualquer ponto de vista... Coisa de moleque mal criado. Sacanagem estúpida e gratuita. O inconcebível, que acontece muito por aqui, é o pobre sacaneando o irmão mais pobre ainda!!! Ôxe!!!
Este é o tipo de correção que precisamos fazer em nossa sociedade, que não depende do poder público. Depende do bom senso, do humano, que há em cada um de nós. Em alguns, bem escondido, é verdade, mas há. Está ali. Temos que desenterrar!!!