QUAL A SOLUÇÃO?

Minha mulher assina a Revista Veja faz tempo, muitos anos. Leio alguma coisa do que traz. Li mais, hoje censuro, o termo é esse mesmo, censura pessoal, escolha, portanto legítima.

Há facciosidade, como de outros periódicos, digamos, falta de isenção. Não podemos pedir neutralidade completa, todos têm uma linha, mas que seja calcada em fatos autênticos e não diversionistas.

E minha mulher me exibe uma foto terrível. Inúmeras crianças sírias, enfileiradas, mortas, enroladas em mantos de sepultamento. Só os rostinhos visíveis. Vi de relance, machuca demais....afastei os olhos.

Minha mulher comenta: “parece que estão dormindo, é o frescor da idade.”

Dormem no leito da maldade humana, inconsciente, terrível, apartada dos mais mínimos vestígios de civilização.

Qual a solução? Há solução?

Diante dessas realidade lembro de Nietzsche a que contesto na igualação do bem e do mal, e minha inteligência claudica, se acanha, reduz-se ao mínimo de avaliação razoável, ouvida a história em seus avanços, se é que existiram.

Nietzsche em sua critica livre, desconsiderando as conquistas dos valores morais maiores, pretendeu desmistificar o bem diante da crua realidade humana, nessa alheta: “Severidade, violência, perigo, guerra, são valores tão valiosos como bondade e paz”, e diz a razão que entende justificada: “Ganância, inveja, mesmo ódio são elementos indispensáveis no processo da luta, da seleção, da sobrevivência. O mal está para o bem como as variações para a hereditariedade, como a inovação e a experiência para os costumes; não há desenvolvimento sem uma quase criminosa violação de precedentes e da “ordem”. Se o mal não fosse bem o mal desapareceria.”

É realista, incisivo e fundamentalista com o que ocorre. Isto, contudo, não transforma o mal em bem. Serão sempre antagônicos, antônimos um do outro, excludentes. O fato de poderem existir em um mesmo plano não os torna coincidentes, nem passíveis de serem colocados sob um mesmo conceito por emanarem da vontade, ou seja, de uma mesma fonte.

O bem e a moral que dele decorre, foram definidos como negativos pelo filósofo, porque levam à negação da vida.

Mas diante dessas realidades é difícil ter esperança.

Se avaliarmos as sociedades pelos padrões de conduta praticados, veremos as que mais absorveram as normas em prol do bem ditado em suas regras (legislações), resultarem melhores em todos os sentidos em oposição as que assim não procederam.

Mas como um todo a humanidade não tem solução...é pessimismo mesmo. Não se mata em vão a inocência, digo sempre, o preço a pagar será e é alto.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 05/09/2012
Reeditado em 06/09/2012
Código do texto: T3866672
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