COMPETÊNCIA TEXTUAL PARA QUÊ?
Marcos Fábio Belo Matos – jornalista e professor do curso de Jornalismo da UFMA/Imperatriz
Ei, você: lembra-se daqueles livros chatos que o professor de Português passava todos os anos para você ler e fazer aqueles resumos e comentários mais chatos ainda? E daquelas redações que ele pedia e que você sempre dava um jeitinho de não entregar – afinal, por que perder seu precioso tempo tentando encontrar títulos para temas como Meio ambiente: ameaça e sobrevivência ou Juventude e construção de um novo amanhã etc etc etc? E daquelas famosas apresentações de História que culminavam com a produção de um trabalho para entregar que você detestava e tinha vontade de matar quem inventou aquilo... Pois é, saiba que essas sensaborias todas, juntas, serão as grandes responsáveis pelo seu sucesso profissional, qualquer que seja a carreira que você escolher seguir.
Está mais do que provado que, no mercado de trabalho atual, pautado e forjado pela informação, quem está mais preparado é quem sabe, com precisão, construir a sua informação e comunicá-la com a maior presteza. E o que isso tem a ver com leitura e redação? Tudo, absolutamente tudo.
Quem lê, quem foi acostumado ao convívio com os livros tem maior capacidade de reter e selecionar informações, de analisá-las, criticá-las e funcionalizá-las – pelo simples fato de que, durante toda a vida, acostumou-se a fazer isso. Quem lê tem mais vocabulário do que quem lê pouco ou não lê – e isso faz uma enorme diferença em processos seletivos para estágios, trainees ou empregos, por exemplo. Quem lê tem menos dificuldade para enfrentar os desafios de uma nova atividade: um novo emprego, um novo cargo caído do céu por descuido, uma nova equipe de trabalho, um novo projeto, um relatório mastodôntico de última hora para entregar no dia seguinte!...
Na outra ponta deste processo de formatação do profissional do mundo das tecnologias de informação está o complemento da leitura, sua cara-metade, seu ato-contínuo: a escritura. Quem lê mais escreve melhor! Não existe fórmula mágica para aprender a escrever. Escrever nada mais é do que pôr no papel (isto hoje em dia já virou quase uma catacrese!) o acúmulo de informações oriundas da leitura. Quem lê retém informação; quem escreve a distribui. Analise a produção textual de duas pessoas, uma com prática de leitura e outra sem prática e, sem saber quem são, tente comparar os resultados. Se você for leitor, saberá que aquele texto mais bem escrito (e, quase sempre, mais consistente, mais coeso, mais concatenado) é daquela que teve a companhia das letras por maior tempo. Quem lê, além de escrever o que retém, também aprende a escrever melhor, pelo simples fato de estar sempre em contato com textos, em geral, bem construídos, elegantes, comunicativos. É a velha aplicação do ditado dize-me com quem andas...
Leitura e escritura, juntas, vão ser fundamentais para construir (e mais do que isso, consolidar) o profissional do presente e do futuro. E não há máquina ou tecnologia que substitua a redação humana, pelo simples fato de que somente ao homem é dada a primazia de arranjar as palavras de um jeito todo particular, que é o que vai tornar um texto belo... e diferenciado. Nem a tecnologia substituirá a leitura verbal ou a redação. A internet está aí mesmo para mostrar que, para o bem da humanidade, as pessoas escrevem e leem cada vez mais.
A boa escritura deixou de ser obrigatoriedade daquelas pessoas com o dom de escrever. Hoje o arquiteto, o médico, o professor de qualquer área, o administrador, o físico, o empresário, o artista... todos precisam, visceralmente, escrever bem. Afinal, como fazer relatórios, aulas, contratos, projetos, documentação oficial e empresarial sem uma boa redação? Não espere do computador. Ele, no máximo, fará para você uma parca (e porca) revisão gramatical.
Acorde! Entenda que a leitura e a boa escritura são ingredientes fundamentais para a sua sobrevivência nesta selva que se chama mercado de trabalho. Que se você não souber fazê-las bem alguém ao seu lado saberá e tentará ganhar o seu lugar por isso. Que quem não lê não se comunica que preste e quem não sabe escrever não esconde essa incapacidade por muito tempo. E isso tudo não são hipérboles...