OS CHATOS E OUTROS AFINS

(Quosque tandem Catilina,

Abutere patientia nostra?)

Você já fez uma auto-análise de seu comportamento perante aqueles que, de uma maneira ou outra, fazem parte do seu dia a dia? Entendo que tal procedimento tem importância vital para a imagem da pessoa, evitando a triste definição contida na frase “você já se olhou no próprio umbigo?”.

No meu caso, por exemplo, às vezes fico preocupado, pois, em determinadas ocasiões, sinto que exagerei em críticas, tudo o que vejo é motivo de reparo, sempre contesto a opinião do interlocutor, e outras coisas que incomodam a pessoa, e que podem acabar maculando a minha imagem. Nessa hora, é de suma importância dar um breque, e procurar evitar que tais situações aconteçam. Para mim, esses têm cura. Porque, aqueles que jamais “param para pensar”, que, permanentemente, agem sem refletir, não procuram mudar, sem autocrítica, esses não têm jeito, são os que acabarão taxados de chatos e de indesejáveis.

Não é difícil encontrar os que, ao ver o amigo, logo lhe diz, “puxa, como você está gordo”, ou “você foi à praia? E, está branco assim, nem parece!”, e vem o outro “você está pálido, hein! Está doente?

Outro dia, estava com um amigo num café, ele todo entusiasmado, por ter comprado um carro novo. Chega o chato, entrando na conversa lasca ”Aquele carro é seu? Zero? Sabe que você já perdeu, no mínimo, uns vinte mil reais?” O amigo me olhou de esgueio...

Há outras situações em que se percebe a presença do chato. Pode ter certeza de que, no estabelecimento comercial onde tem aqueles recadinhos “não dê palpites, sei errar sozinho” ou “fiado só no vizinho”, o proprietário é um deles. Desconfie, também, daqueles que, ao adquirir determinado comércio, põe a faixa “sob nova direção”. Para mim, esse vai ter vida curta, muito mais do que aquele que lhe vendeu o negócio.

E, no cinema, o que fica contando o que vai acontecer no filme?

Outro tipo duro de aguentar é o alcoolizado. Só fala bem perto de você, com um bafo de derrubar até um poste.

Mas, sem dúvida, o mais difícil de aturar é o papudo. Com esse não tem diálogo. Tudo ele sabe, nunca perde, é o que tem as melhores coisas. Vantagem total! Tenho um colega de profissão, aliás, conhecido desde a infância que, Deus me perdoe, não dá para aguentar. Enquanto ouço falar das dificuldades da profissão por quase todos os advogados que encontro, ele está nadando em ouro, ganhando dinheiro a rodo. Dispensando clientes. Em quem vou acreditar?

Não costumo, mas, às vezes, procuro evitar o encontro com essas pessoas, porque, dependendo do humor momentâneo, é difícil você se segurar, e não retrucar.

Todavia, temos que conviver com elas, porque, ao contrário, se não tivermos a elasticidade necessária em nossa bolsa escrotal, o mundo estará mais conturbado do que está, não havendo sequer um lugar, pelo menos, para que tenhamos a paz que todos temos direito.

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 05/09/2012
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