Bons aqueles tempos
A foto capta o passado, diz dele de maneira correta e verdadeira, embora triste. Mostra no olhar alegre e tímido do meu pai sua história de vida. Mostra que seu sucesso, embora tímido e moderado, foi realizado às custas do seu esforço. Ter uma família é uma tarefa difícil e árdua, que em tempos antigos era realizada de maneira mais corajosa e firme. Hoje, o mundo cada vez mais banalizado, soterra o amor, e torna a herança apenas coisa genética e miseravelmente vivida às custas da solidariedade: pensão alimentícia!
O amor, a fraternidade dos pais, o cuidado com os filhos, tornou-se objeto pobre e mal administrado pelos pais. Na outra ponta, aparecem os senhores do consumo, que tornam o desejo, pedido que virou direito. As crianças de hoje têm direito! Direito a chorar, a reclamarem, a ameaçarem os pais. Os pais são ameaçados pelos vizinhos se ousarem baterem nos seus filhos. E, assim vem a vida 'politicamente correta', em que a carne virou virtual. Em que o sexo virou filme pornô; em que o contato face a face, virou facebook!
Bons tempos o passado! Em que o flash da foto era lento mas verdadeiro. Que a máquina pegava a família sem poder lhe dar a alternativa de recortar a foto. Que o álbum era impresso e não posto em computador e espalhado a quatro cantos. Bons, os tempos em que o sigilo e a proteção familiar não era artigo de advogados. Que a mídia não era sensacionalista, pois os boatos por si só eram proclamados pela vizinhança. Bons os tempos em que éramos mais amigos.