Mãe é MÃE! Crônica sobre mulheres I.
                      A língua inglesa tem uma expressão excelente para definir um fenômeno que me ocorre vez por outra: "insight". Esta palavra resume uma percepção que, na língua portuguesa, só é contemplada por uma gíria: "sacada". O significado é quase o mesmo: "sacar" significa entender o que está acontecendo de uma forma rápida, sem maiores explicações. O termo inglês, no entanto, vai um pouco mais além: a "sacada" é de algo pré-existente, que estava lá no sub-consciente e, súbito, veio à tona.
                              Pois bem, vez por outra, ocorre-me un "insight", que usarei para resumir como "a súbita percepção de uma realidade abafada e que esteve presente num patamar abaixo do nível de consciência".
                             Essas percepções manifestam-se sempre, dia a dia, de uma forma ou de outra, mas, por razões diversas, as mantemos abafadas.
                      Depois de anos de terapia e leitura de obras de mestres da psiquiatria e da psicologia, procurando respostas às minhas angústias, dei-me permissão para vasculhar o sub-mundo nebuloso da minha inconsciência.
                                Não fui muito longe. Percorri apenas os caminhos permitidos pela dor e pelo medo de dores antigas, abafadas ou substituídas por compensações do tipo "anda de roda gigante que a dor da perda passa.".
                             Passei, então, a ter "insights" sobre vivências  com minha mãe.
                             Falei sobre ela com mulheres e fui desconsiderado de forma veemente.
                                 Percebi, então, que muitas mulheres não estão preparadas para tratar sobre assuntos de relacionamentos com filhos, os quais foram transformados em tabus nas últimas décadas.
                                                   Com os homens não foi diferente. Falar mal das companheiras era o máximo sobre o qual concordavam debater sobre mulheres. Mães, silêncio ou elogios.
                                      Mãe é Mãe. Para a maioria, mãe é MÃE!
                                      Na época de uma separação difícil, propus a alguns homens, recém separados, a criação do CAMA, Clube de Apoio aos Maridos Abandonados, e não obtive qualquer adesão.
                                      Pesquisei e a resposta que obtive foi unânime e desoladora: "ela me disse para não entrar nessa."

                                                

                                 
                      
 
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 04/09/2012
Reeditado em 07/09/2012
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