SEXO, AMOR, CÂNCER, FERIMENTO
POEMA:
O afeto está em coma
Úlcera sentimental
Câncer da intuição
Ferimento aberto supurando
Pus vulcanizado em lágrimas
Alguns dentes esboçando sorriso tímido
Dentes careados de falsidade
Língua amarga
Boca seca
Calamidade
Transfusão de sangue
- podre -
Uma dor medrosa
Alma sebosa querendo ser anjo
A voz salta de uma garganta inflamada
Profere vários “eu te amo”
A saudade morreu de eutanásia
Suicidaram-se todas as lembranças
A confiança morreu afogada
Um homicídio fez lambança:
Matou com requintes de crueldade a paciência
Coração diagnosticado tumor maligno
Cérebro enforcando a esperança
Furúnculo no meio da testa
Essa... essa é a era da estética
O que não é belo não é
Não consegue ser
O amor sofreu depressão
O sexo teve um derrame
E paixão não suportou a hipertensão:
Enfartou!
Só há uma única injeção: eternidade
O tempo é o senhor da cura
O melhor médico
Sara qualquer ferida
Qualquer que seja a enfermidade
Pouco importa, o tempo é a melhor UTI
O afeto está em coma
Úlcera sentimental
Câncer da intuição