Moedinha malvada
Recuso-me a acreditar que ela era feia. Uma mulher que encantou políticos, militares e estadistas da Roma antiga, não devia ter a cara que agora lhe querem dar.
Para afirmar que Cleópatra não era uma mulher bonita, os pesquisadores se baseiam numa moedinha de prata, de dois mil anos, recentemente encontrada em um museu da cidade inglesa de Newcastle.
Essa malvada moeda traz gravada nas suas faces, de um lado o busto de Cleópatra, e do outro a imagem do valoroso senador romano Marco Antônio, seu (dela) grande amor.
Por que chamei a moeda de malvada? Porque ela achou de denunciar a fealdade de Cleópatra. Até seu aparecimento, a cativante rainha do Egito era, para mim, tão bonita quanto Elizabeth Taylor.
Que Marco Antônio fosse um sujeito feio, pouco me interessa. Segundo a moedinha, "ele tinha os olhos esbugalhados, pescoço grosso e nariz aquilino".
Acho até, que Richard Burton não sabia desses detalhes. Se o soubesse, possivelmente não teria aceitado ser Marco Antônio no cinema.
Difícil mesmo é acatar, pacificamente, a notícia da feiúra de Cleópatra depois que, no cinema, ela foi retratada pela belíssima Liz Taylor.
Por que exatamente agora apareceu esta moeda? Devia ter esperado minha morte para, então, mostrar que Cleópatra nada tinha a ver com Liz.
Teria morrido, certo de que Cleópatra fora uma mulher lindíssima, como um dia me disse Frei Albino Popemberg, OFM, meu professor de História Universal, no seminário seráfico.
E depois, fora dos claustros, mostrou-me o filme que toda minha geração viu e adorou.
Nunca esta malvada moeda devia ter sido cunhada.
Mas, pela sua confecção, culpa-se o senador Marco Antônio. Ele, no incontido desejo de homenagear sua amante, mandara cunhar a moeda, e com esta inscrição: "Cleopatra Reginae regum filiorumque regum" - Para Cleópatra, Rainha de reis e de filhos de reis."
Como posso, pois, acreditar, depois do que li sobre Cleópatra, que ela "tinha nariz adunco, queixo pontiagudo, e testa estreita."
Prefiro crer, como alguém já admitiu, que um péssimo profissional ou seu inimigo político tenha sido o gravurista da moeda.
Quero esquecer o noticiário da moeda de Newcastle. E reviver, no silêncio do meu gabinete, e em homenagem à minha idade, os bons momentos do filme Cleópatra.
Apostando na versão de que a sedutora rainha egípcia era bela como Elizabeth Taylor. Esta, se consultada, haverá de concordar com este romântico cronista.
Recuso-me a acreditar que ela era feia. Uma mulher que encantou políticos, militares e estadistas da Roma antiga, não devia ter a cara que agora lhe querem dar.
Para afirmar que Cleópatra não era uma mulher bonita, os pesquisadores se baseiam numa moedinha de prata, de dois mil anos, recentemente encontrada em um museu da cidade inglesa de Newcastle.
Essa malvada moeda traz gravada nas suas faces, de um lado o busto de Cleópatra, e do outro a imagem do valoroso senador romano Marco Antônio, seu (dela) grande amor.
Por que chamei a moeda de malvada? Porque ela achou de denunciar a fealdade de Cleópatra. Até seu aparecimento, a cativante rainha do Egito era, para mim, tão bonita quanto Elizabeth Taylor.
Que Marco Antônio fosse um sujeito feio, pouco me interessa. Segundo a moedinha, "ele tinha os olhos esbugalhados, pescoço grosso e nariz aquilino".
Acho até, que Richard Burton não sabia desses detalhes. Se o soubesse, possivelmente não teria aceitado ser Marco Antônio no cinema.
Difícil mesmo é acatar, pacificamente, a notícia da feiúra de Cleópatra depois que, no cinema, ela foi retratada pela belíssima Liz Taylor.
Por que exatamente agora apareceu esta moeda? Devia ter esperado minha morte para, então, mostrar que Cleópatra nada tinha a ver com Liz.
Teria morrido, certo de que Cleópatra fora uma mulher lindíssima, como um dia me disse Frei Albino Popemberg, OFM, meu professor de História Universal, no seminário seráfico.
E depois, fora dos claustros, mostrou-me o filme que toda minha geração viu e adorou.
Nunca esta malvada moeda devia ter sido cunhada.
Mas, pela sua confecção, culpa-se o senador Marco Antônio. Ele, no incontido desejo de homenagear sua amante, mandara cunhar a moeda, e com esta inscrição: "Cleopatra Reginae regum filiorumque regum" - Para Cleópatra, Rainha de reis e de filhos de reis."
Como posso, pois, acreditar, depois do que li sobre Cleópatra, que ela "tinha nariz adunco, queixo pontiagudo, e testa estreita."
Prefiro crer, como alguém já admitiu, que um péssimo profissional ou seu inimigo político tenha sido o gravurista da moeda.
Quero esquecer o noticiário da moeda de Newcastle. E reviver, no silêncio do meu gabinete, e em homenagem à minha idade, os bons momentos do filme Cleópatra.
Apostando na versão de que a sedutora rainha egípcia era bela como Elizabeth Taylor. Esta, se consultada, haverá de concordar com este romântico cronista.