COMPANHIA! SENTIDO!

COMPANHIA! SENTIDO!

Ainda soam em meus ouvidos, essas palavras de ordem do Sargento Duro. Sim, esse era seu nome, mesmo. Surdo como uma porta. Seu apelido: “tímpano de eucatex”. Como todo militar dessa patente, mantinha a regra: rigoroso, enérgico. Porém, os comandados, como eu, éramos estudantes com certo nível cultural, e não dobrávamos a espinha com facilidade.

Estávamos no ano de 1957. A unidade militar, o CPOR - Centro Preparatório de Oficiais da Reserva, com quartel situado na Capital, em Santana, à rua Alfredo Pujol. Esse serviço militar foi criado para os estudantes cuja pretensão era seguir carreira de nível superior. Funcionava, como deve funcionar ainda, da seguinte maneira: antes de prestar o vestibular, ou mesmo depois, o estudante com 20/21 anos de idade, fazia o serviço militar no CPOR. Após dois anos de curso, saia tenente da reserva. Formado na faculdade, o estudante se incorporava, novamente, ao Exército, e dali saía como Segundo Tenente, depois de determinado prazo. Isso valia para as carreiras diferentes da medicina, tais como engenharia, direito, economia e outras. Os reservistas dessas áreas, no quartel, faziam os cursos de artilharia, engenharia, infantaria, cavalaria, intendência. Já os estudantes de medicina ou de outra área congênere, cursavam o serviço de saúde, que durava um ano. Saía do curso como Terceiro Sargento da reserva. Formado médico, dentista ou outro da área, engajava-se novamente no Exército, para adquirir a patente de Segundo Tenente.

Ainda sob a influência de meus pais, como meu objetivo era ser médico, fiz o curso de saúde. Como mais tarde decidi seguir outra carreira, hoje sou Segundo Sargento da Reserva, conhecido como Sargento Padioleiro.

Pouca gente sabe disso! Quer dizer, hoje, na minha provecta idade, já não sou mais nada, além de um idoso!

Mas, o tempo no CPOR foi inesquecível! O Sargento Duro punha apelido em todos os alunos. Tinha o Diarréia, porque um dia, um dos colegas teve uma dor de barriga durante o treinamento. O São Bento, porque, na turma do ano anterior, um aluno com esse sobrenome, sempre errava o passo. O Fruta, por causa do sobrenome... E assim, por diante.

- São Bento! Lá estava o colega fora do passo.

Dentre os alunos, havia alguns colegas do Arquidiocesano. O Nelson Brandalise, o José Pareja, ambos, hoje, médicos. Nunca mais tive qualquer notícia dos dois! Espero que estejam bem! Além de grandes amigos, pertencíamos ao time de futebol do Arqui. Excelentes jogadores! Diante disso, quando houve o campeonato interno entre as armas, como eram chamadas as diferentes turmas, o time da Saúde teve um ótimo desempenho, e a maioria dos componentes foi chamada para a seleção do quartel.

No fim do ano, foi disputada uma espécie de olimpíada entre o CPOR e o curso de mesmo nível da Aeronáutica, sediado no Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ITA, em São José dos Campos.

Então, fui conhecer aquele famoso órgão tecnológico, bem como, a excelente faculdade de engenharia. Ficamos um fim de semana alojados nas dependências da escola, enquanto foram disputadas as diversas modalidades esportivas, entre as duas entidades.

Particularmente, com relação ao jogo de futebol, a nossa equipe era muito forte, e a vitória foi por goleada. Juntamente com o Aun, da Cavalaria, do Filizola, da Infantaria, do Pareja e do Brandalise, já citados, fizemos uma partida inesquecível, e acabei marcando três gols.

Apesar de fazer parte de um passado tão distante, lembro-me de todos os momentos dessa fase de minha vida. Lá se vão cinquenta e cinco anos, mas, a memória se encontra bem definida, fazendo com que, as passagens vividas naquele ano, ainda se encontrem perfeitamente nítidas diante de mim. Como uma fotografia!

Isso acarreta o quê? Uma grande saudade!

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 03/09/2012
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