SAMPA E A FALÊNCIA DO "ECOSSISTEMA" URBANO

Logo no início de 2012, como é de praxe no início de qualquer ano novo, muito se falou sobre as previsões do calendário Maia para o nosso atual anuênio.

É claro que, se realmente o fim do mundo já começou, a largada da "Arca do atual Prefeito" deve ser daqui mesmo, e obviamente que nós paulistanos não acabaremos sozinhos.

É questão de tempo e de desgoverno. Ambos intangíveis ao entendimento.

Essa minha subliminar introdução apenas serve para tentar explanar o atual e emergencial status ecológico no qual também nos encontramos aqui na cidade de São Paulo.

Projeto de urbanização racional? É zero por aqui, e faz muito tempo!

Ou se tem muito dinheiro para se morar em bairros planejados com infraestrutura verde (porque as matas dos bairros considerados "pulmões da cidade" foram literalmente assassinadas pelo "desenvolvimento urbano" e o restolho delas foi mercantilmente encampado pelas grandes construtoras que constroem inclusive o País, e que as tornaram proibitivas para a respiração da população comum) ou aqui se morre de doenças pulmonares de toda sorte...em todas a idades.

Obviamente que quanto mais se constrói mais IPTU se arrecada...e eu acredito que tal fato explica grande parte do nosso agravo ecológico.

Mas há outro fato econômico primordial influenciando o nosso clima de deserto: A quantidade de veículos pelas ruas está ingovernável!

A cidade travou em meio ao monóxido de carbono. Nada mais circula por aqui...nem o ar. Mas há que se fazer circular a economia dos que ainda mandam comprar automóveis , a nos fazer acreditar que tal movimento salvará a derrapante economia do país.

A impermeabilização dos solos, o aglomerado explosivo de concreto desordenado da construção civil e até as podas questionáveis, as que drasticamente amputam as árvores num momento árido como esse, nos faz acreditar que o inferno é cinza.

E as chuvas há mais de um mês, se negam a irrigar o "inferninho" urbano.

É a resposta da natureza aos nossos desmandos ecológicos.

A cada dia a temperatura sobe no cerne da cidade, que está sem correntes de ventilação para a dissipação dos perigosos poluentes.

E por falar em inferno, soma-se a tudo isso a falta de planejamento e fiscalização da ocupação dos solos que faz com que a cada semana assistamos perplexos aos incêndios em série das comunidades faveladas. Não dizem as Escrituras que terminaríamos em fogo?

São Paulo está em chamas! Eis a triste metonímia do momento.

Curioso é que em todas as comunidades, e tal é da praxe política, nelas os mesmos candidatos da situação, aqueles dos diferentes momentos políticos que mantêm tudo sempre igual, espalham os seus "banners", as suas sempre renovadas propagandas de promessas para as próximas eleições, nos seus herméticos redutos que a cada ano perdem o tudo duma vida inteira no fogo da seca ou nas torrenciais enchentes das chuvas, ainda acreditando que alguém , um dia, vai ajudá-los nas adversidades sociais.

E o suado recomeço sempre ocorre às suaves prestações dos carnês das compras, todas elas incentivadas pelos gestores das crises financeiras, endividamentos nas casas de eletrodomésticos que vendem o último modelo da dignidade em financiamentos caríssimos, todavia a se perder de vista.

Uma vista difícil de se enxergar...de fato. Afinal, há cenários aos quais é preferível se fechar os olhos. Dói menos.

AINDA OUTRO DIA VI UM DESSES BANNERS SE INCENDIANDO COMO SE

FIGURATIVAMENTE NOS MANDASSE SUA ÚLTIMA E TRISTE MENSAGEM: EIS AQUI O INFERNO QUE PREGAMOS AO LONGO DO TEMPO!

Enfim, sei que o dia acabou de nascer...e da minha janela hoje sequer consegui focar minhas lentes fotográficas no nascer do sol porque, embora eu soubesse que ele estava logo ali, lutando para brilhar, entendi que há horizontes tão longínquos dos nossos olhos quanto há soluções urbanísticas bem distantes das nossas mãos, todos perdidos no silêncio dum manto cinza que encobre a resiliente poesia da nossa tão castigada Natureza Sampista.

Porque ainda assim um recém chegado Sabiá nos cantou.