LABOR DAY: DIA DO TRABALHO X DIA DO TRABALHADOR
LABOR DAY: DIA DO TRABALHO X DIA DO TRABALHADOR
. Samuel Fielden (inglês, 39 anos, operário textil e pastor metodista) condenado à prisão perpétua;
. Oscar Neebe (norteamericano, 36 anos, vendedor) condenado a 15 anos de trabalhos forçados
. Michael Schwab (alemão, 33 anos, tipógrafo) condenado à prisão perpétua
. George Engel (alemão, 50 anos, tipógrafo) condenado à forca [suas últimas palavras: "Em que consiste meu crime? Eu trabalhei para o estabelecimento de um sistema social onde é inadmissível que enquanto alguns empilham milhões outros caem na degradação e na miséria. Assim como a água e o ar são livres para todos, assim a terra e as invenções da ciência devem ser utilizadas em benefício de todos. As 'suas' leis estão em conflito com as leis da natureza, e mediante 'suas' leis você roubam o direito à vida, a liberdade, o bem-estar".]
. Adolf Fischer (alemão, 30 anos, jornalista) condenado à forca [suas últimas palavras: "Somente tenho que protestar contra a sentença de morte imposta a mim, porque eu não cometi nenhum crime.... mas se estou sendo enforcado por professar minhas idéias políticas, pelo meu amor à liberdade, igualdade e fraternidade, então eu não faço objeção. Digo isso em voz alta: então, disponham de minha vida!"]
. Albert Parsons (norteamericano, 39 anos, jornalista) condenado à forca [suas últimas palavras: "A sociedade de hoje vive apenas através da repressão e a temos aconselhado uma mudança social dos trabalhadores em relação ao sistema de força. Se estou sendo enforcado por minhas idéias políticas, OK! Matem-me!"]
. August Vincent Theodore Spies (alemão, 31 anos, jornalista) condenado à forca [suas últimas palavras: "Ao menos se saiba que no estado de Illinois, oito homens foram condenados por não perderem a fé no triunfo final da liberdade e da justiça.]
. Louis Lingg (alemão, 22 anos, carpinteiro) condenado à forca [suicidou-se em sua cela).
- em 1868, o presidente dos EUA Andrew Johnson, promulgou a dita Lei Ingersoll que estabelecia a jornada de trabalho de 8 horas, porém a seguir 19 estados da federação sancionaram leis com jornadas máximas entre 8 e 10 horas com cláusulas que na realidade permitiam aumentá-las entre 14 a 18 horas.
- com o passar dos anos e mantido o abuso devido ao descumprimento da Lei Ingersoll, as organizações de trabalhadores e sindicalistas dos EUA se mobilizaram.
- a grande imprensa americana qualificava o movimento como "indignante e desrespeitoso"; "delirio de lunáticos pouco patriotas"; qualificando que o movimento era de vagabundos pois que "era o mesmo que pedir que se pague um salário sem cumprir nenhuma hora de trabalho".
- no dia 1º de maio de 1886, cerca de 200 mil trabalhadores iniciaram uma greve geral exigindo o cumprimento da Lei Ingersoll (o mote - já antigo - era "8 horas de trabalho, 8 horas de lazer, 8 horas de repouso").
- em Chicago onde os trabalhadores eram ainda mais submetidos a menores condições que em outras cidades americanas, as mobilizações se seguiram nos dias 02 e 03 de maio.
- no dia 02 de maio de 1886, a polícia dissolveu violentamente uma manifestação que envolvia cerca de 50 mil trabalhadores.
- no dia 03 de maio de 1886, embora a ação violenta da polícia tivesse reduzido bem o número na concentração, August Spies, uma das lideranças grevistas, que estava num palanque anunciou que naquele momento estavam saindo do trabalho um turno de fura-greves. Aqueles que estavam concentrados se lançaram sobre os 'scabs' iniciando uma batalha campal.
- uma companhia de policiais começou a disparar a queima-roupa sobre todos os envolvidos, matando 6 operários e ferindo dezenas.
- um jornal (Jornal dos Trabalhadores de Chicago) dito anarquista, editado por August Spies, sendo o tipógrafo Adolph Fischer, que tinha sido gerenciado por Oscar Neebe com Michael Schwab trabalhando de chefe-editorial, foi impresso imediatamente após o fuzilamento, e no calor dos crimes com uma redação conclamando aos trabalhadores a responderem aos fuzilamentos ("Quem poderá duvidar que os chacais que nos governam estão ávidos do sangue de trabalhadores? Mas os trabalhadores não são um rebanho de carneiros.' ... 'Ontem, as mulheres e os filhos dos pobres trabalhadores choravam pelos seus mariods e pais fuzilados, no entanto nos palácios os ricos se enchiam com garrafas de vinhos caros e se bebia à saúde dos bandidos da ordem'... 'Sequem suas lágrimas os que sofrem! Tenham coragem, escravos!"
- a redação terminava convocando um ato de protesto para o dia seguinte, dia 04 de maio de 1886, às 4 horas da tarde, na praça Haymarket. O prefeito Harrison concedeu o mesmo espaço para que houvesse um ato às 07:30 da noite, no mesmo parque Haymarket.
- apesar da autorização do prefeito, enquanto haviam cerca de 20 mil pessoas na praça, 180 policiais uniformizados avançaram sobre a massa.
- a polícia alegou que um artefato explodiu entre os policiais matando um e ferindo vários e, por isso, abriu fogo contra a multidão matando e ferindo um número até hoje desconhecido de trabalhadores.
- foi declarado estado de sítio e toque de recolher, sendo presos centenas de trabalhadores que foram brutalmente espancados e torturados, sendo acusados de assassinos de policiais.
- apoiaram a esses atos repressivos uma campanha da grande imprensa que, entre outras coisas, proclamava: "são uma gentalha que não são outra coisa que o atraso da Europa que buscou nossas costa para abusar de nossa hospitalidade e desafiar a autoridade de nossa nação e que em todos esses anos não tem feito outra coisa que proclamar doutrinas sediciosas e perigosas!".
- essa grande imprensa clamou por um juízo sumário, responsabilizando todas as lideranças do movimento operário.
- em 21 de junho de 1886, iniciou-se uma causa contra 31 trabalhadores considerados responsáveis, sendo depois reduzido a 8.
- o processo valeu-se de inumeráveis violações à lei e às normas processuais, sendo qualificado depois o julgamento como uma farsa.
- assim, sem prova alguma, os acusados foram declarados culpados: três forma condenados à prisão e cinco condenados à morte pela forca.
- esse julgamento, chamado de 'Crime de Chicago' custou a vida de muitos trabalhadores e dirigentes sindicais e embora não exista um número exato, se sabe que milhares foram feridos a bala ou torturados ou detidos e espancados e/ou processados. A grande maioria eram imigrantes que à época haviam sido sujeitados: italianos, espanhóis, alemães, irlandeses, suecos, poloneses, russos e de países eslavos.
- ainda no final de maio de 1886, em virtude dos atos corajosos desses trabalhadores, vários setores patronais concordaram em permitir a jornada de 8 horas a várias centenas de milhares de trabalhadores.
Desde 1889, o dia 1º de Maio passou a ser celebrado como Dia dos Trabalhadores na maioria dos países como homenagem aos Mártires de Chicago.
Entretanto nos próprios EUA uma lei federal de 1894, para evitar que fosse celebrado o Dia dos Trabalhadores, instituiu o Dia do Trabalho (Labor Day) que também foi adotado pelo Canadá, Austrália e outros países menores, na primeira segunda-feira de Setembro.
Celebram uma história de uma tal Ordem dos Cavaleiros do Trabalho (Knights of Labor), que o presidente Grover Cleveland encontrou como desculpa auspiciosa para não remeter aos fatos de 1º de Maio de 1886.
O comportamento da grande imprensa pouco ou quase nada mudou deste então.