A realidade da vida

 

 

 
                        O cronista, ao contrário do poeta, está sempre comentando e tentando entender  o dia-a-dia do ser humano.  Ele procura o detalhe da vida, ele se situa ao rés do chão, não quer  se elevar como faz, normalmente,  o poeta. Pode até fazer humor, e muitas vezes faz isso com prazer. Mas o que ele quer mesmo é ressaltar a vida como ela é na realidade. A vida ao vivo, mostrando quase sempre o  seu lado mais difícil. 
                     A crônica, na verdade, brinca com os defeitos do ser humano e ao analisar o amor, tema preferido dos poetas, vai ressaltar as dificuldades do tão sonhado e almejado encontro amoroso. A vida está aí na nossa frente mostrando muito mais as vicissitudes do que as excelências do amor.
                   Tomo conhecimento hoje de um cronista gaúcho, Fabrício Carpinejar, que acaba de lançar seu livro “Ai meu Deus, ai meu Jesus”. Na visão dele, o amor é um ideal dificilmente alcançado e o amor, na verdade, é a arte do desencontro. Esta observação me faz lembrar um comentário do meu amigo Jacó Filho, onde ele dizia que ainda não conhecemos o amor e que no máximo chegamos apenas a tolerar o outro. Uma afirmação realista e que nos deixa tristes, mas aqui estou cronista e não poeta.  E como não estou fazendo poema e sim escrevendo sobre a vida, devo admitir, pelo menos para a maioria, o amor ainda é uma irrealidade, um sonho de verão...
                    O tema do amor é um tema inesgotável e já falei em outras crônicas que sem amadurecimento, sem crescimento  emocional, o amor entre duas pessoas não pode vingar. Todos que entendem e se debruçaram sobre o amor chegaram a essa conclusão.  Se não estamos prontos, como dizia o Artur da Távola, o que vem à tona são nossas partes inseguras, as que não conhecemos bem, as partes mais fracas nossas e as que mais tememos. E a partir daí, nos testando no outro, claro, não vamos encontrar a amizade, o grande amor, mas sim uma relação neurótica, um grande mal-entendido.
                   Sei que não é agradável esse choque da realidade. No entanto, é bom saber disso, até para que possamos, mais conscientes, sonhar melhor e produzir, quem sabe, belos poemas de amor que nos ajudem a crescer...
                       Não gostaria de encerrar sem contar um segredo. O detalhe é que decidirá se fugimos ou nos entregamos a uma determinada pessoa.  Na verdade, só nos rendemos a alguém com toda a alegria e sem medo,  quando algo na outra nos empolga, nos entusiasma, podendo ser uma característica física insignificante, como um comportamento qualquer que nos faça emocionar e dizer tranquilamente:  - encontrei, finalmente, a pessoa que estava procurando!  Aí, largamos tudo e nos lançamos...   Podemos até errar, mas nos entregamos por inteiro. 



                        Nota:  Convido meus queridos amigos e amigas a me visitarem no meu blog www.gdantas.com.br 
                                    Aproveito para divulgar o  site da recantista Marília Paixão, especializado em minicrônicas. (http://letrasdobviw.blogspot.com.br)