Anonimato
Todos nós deveríamos experimentar a liberdade de ser "invisível" ao menos uma vez na vida. Fazer algo que não ousaríamos de cara limpa, à mostra pra quem quisesse ver, recebendo críticas e elogios como se estivéssemos vendo um filme. Imaginem como seria bom: existiria a possibilidade de filtrar tudo o que o mundo nos envia, ignorar o que nos fosse prejudicial e deleitar-se com o que fosse elogioso e/ou construtivo. Uma música, uma dança, um texto ou opinião; ser você mesmo sem se importar com o julgamento depreciativo do próximo, muitas vezes nem tão próximo assim. Sentir a vida com todos os seus sabores, sejam doces, amargos, salgados, apimentados, azedos...Sinceramente, o agridoce me agrada. Não é todo mundo que gosta, talvez seja esse mais um motivo, gosto de exclusividades (ou quase).
No mundo das palavras, me delicio com essa liberdade. Por formação escrevo cientificamente, e por vocação libero as ânsias do meu espírito, sem receio algum. Gosto também de dançar sem ninguém ver, cantar músicas de gosto duvidoso e me divertir com programas infantis dos anos 80. Existe algum mal nisso? No meu mundo anônimo não, e por isso nele sou livre.
O fascinante de tudo isso é que podemos nos tornar anônimos em qualquer lugar, e deveríamos, faz bem pra alma. Virtualmente, por ironia, nos prendemos a manter a diplomacia para bancar o "modelo social ideal". A vida é exposta por muitas vezes a limites ridículos, com demostrações desnecessárias de que a vida de fulano é um livro aberto. Alguns, sinceramente, seria melhor nem publicar a capa. Se a propaganda é a alma do negócio, muitos negócios por aí nem sequer têm alma. Minha opinião é essa, fiquem à vontade para concordar, discordar ou ignorar.
Eis um texto difuso a respeito do mesmo assunto, um passeio pela mente de alguém que fugiu da programação televisiva do domingo. Livre, sincero e isento de culpa. Seja muito bem vindo ao mundo dos invisíveis, volte sempre!