A BRIGA
Vi de longe. Dois rapazes discutiam violentamente em um passeio. Um era franzino e gesticulava, esbravejava, punha o dedo em riste no rosto do parrudo que permanecia impassível , Braços caídos ao longo do corpo, olhos inexpressivos. O franzino suava, berrava, babava pelos cantos da boca e incitava: - venha seu covarde! Você é forte mas não é dois... imbecil, mulherzinha!
As pessoas foram se acercando curiosas e incrédulas, com tamanha falta de reação, com tamanha frieza ou covardia segundo outros. Após transcorrerem uns três minutos e impropérios de um lado e de um mutismo admirável do outro um dos curiosos se aproximou do franzino e perguntou:
-Meu amigo, qual o motivo de tamanha fúria?
-É este idiota que trombou comigo e não pediu desculpas.
-Amigo, mas isto daí é uma estatua!
O franzino parece que teve um segundo de desconcerto, mas logo se recuperou e saiu pela tangente:
- E daí? Será que ele não vê que eu sou cego?