A BRIGA

Vi de longe. Dois rapazes discutiam violentamente em um passeio. Um era franzino e gesticulava, esbravejava, punha o dedo em riste no rosto do parrudo que permanecia impassível , Braços caídos ao longo do corpo, olhos inexpressivos. O franzino suava, berrava, babava pelos cantos da boca e incitava: - venha seu covarde! Você é forte mas não é dois... imbecil, mulherzinha!

As pessoas foram se acercando curiosas e incrédulas, com tamanha falta de reação, com tamanha frieza ou covardia segundo outros. Após transcorrerem uns três minutos e impropérios de um lado e de um mutismo admirável do outro um dos curiosos se aproximou do franzino e perguntou:

-Meu amigo, qual o motivo de tamanha fúria?

-É este idiota que trombou comigo e não pediu desculpas.

-Amigo, mas isto daí é uma estatua!

O franzino parece que teve um segundo de desconcerto, mas logo se recuperou e saiu pela tangente:

- E daí? Será que ele não vê que eu sou cego?

POETADADOR
Enviado por POETADADOR em 18/02/2007
Reeditado em 27/02/2009
Código do texto: T385795