É UM ASSALTO!


Então de repente você sente o cano frio e trêmulo de uma arma em sua fronte.
Do outro lado a mão de alguém que desesperadamente valoriza mais a matéria que uma vida, a sua vida.
Tudo acontece em fração de segundos.
Um movimento incerto e seus planos, seus projetos, seus sonhos, seus amores, seus rancores, sua revolta, sua luta, tudo, tudo fica pendente e enquanto algumas coisas se tornam ainda mais importantes, outras se tornam totalmente insignificantes.
E você não tem tempo de falar, pensar ou agir.
Vive o momento como se estivesse congelada, estática.
Me senti indefesa, sem qualquer reação a ação absurda de insegurança que vivemos.
Em minha cabeça apenas pensamentos como relâmpagos rápidos de momentos, pessoas que amo, tudo que vivi, esperança de futuro e tudo que gostaria de ter vivido.
E agora?
Tudo ficou tão pequeno, o que vale mesmo a minha vida?
Um celular?
Algum dinheiro?
Um relógio?
Uma bolsa?
Os olhos vermelhos me mostravam drogas e revelavam o que importava na vida perdida daquela alma que me surpreendia com ameaças enquanto apertava cada vez mais a arma engatilhada em minha cabeça dentro do meu carro.
A ele o que importava eram valores e coisas materiais para seu consumo em busca de aliviar a vida bruta e miserável em que se encontra.
A mim, apenas minha vida, meu direito a continuar respirando e lutando para realizar meus planos, meus projetos, meus... meus...
Não, nada disto mais me importa.
Rancores e mágoas por quê?
Lutas e conquista para quê?
Esperanças?
Gostaria de poder viver o que não vivi e realizar o que não pude realizar, mostrar que o que importa é amar.
Mas a vida tem essas peripécias, que nos ensina a respeitar e aceitar situações que não dependem totalmente de nós.
Foi tudo tão rápido.
Depois a sensação de desespero, o choro incontrolável, a vontade de ser abraçada por alguém que não está perto, a necessidade de se sentir segura, amada, protegida.
A vontade de falar com quem se ama.
De dizer que a vida é tão passageira, tão pouca, tão pequena...
Bastava um toque, apenas um toque mais forte no gatilho...
E essas linhas nunca seriam escritas...

Estar viva já é razão para agradecer a Deus.

Ele se foi e pouca coisa levou, me deixou com o que de maior valor eu tenho.

Deixou-me a vida.
LaBelledeJour
Enviado por LaBelledeJour em 30/08/2012
Reeditado em 03/02/2024
Código do texto: T3857057
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