OLHA A MARACUTAIA AÍ, GENTE!
Todos lembram da Copa do Mundo na África do Sul, não lembram?
Todos recordam, também, do nefando som das chamadas "vuvuzelas", não?
Mesmo pela TV, com o som amortecido pelas cabines dos narradores, ficava praticamente impossível suportar aquele cavernoso e monocórdio som durante os 90 , mais os descontos e os 15 minutos de intervalo.
Muita gente não suportou a tortura e desistiu dos jogos ou clicou a tecla Mute do seu aparelho, perdendo, com isso, o arrepio ante às reações da torcida e as eletrizantes transmissões dos narradores.
A reação foi imediata e, de todas as partes do mundo chegaram os clamores de repúdio ante tal "invenção", que subtraía, que desvirtuava o espírito de um espetáculo de aceitação universal, que malbaratava o objetivo da contenda e impedia ao público de todos os continentes a concentração necessária a assimilação, a satisfação e emoção que são inerentes a esse esporte.
O Brasil fez eco a tamanha demonstração de desagrado e a CBF, com vistas ao Campeonato Mundial de Futebol que irá sediar, entendeu, em boa hora, proibir o uso da famigerada "vuvuzela", como também das não menos odiosas buzinas a ar comprimido. Aplausos para a CBF! Vivas aos conhecidos "Cartolas".
Mas aqui em nossa terra, ninguém prega prego sem estopa e o pessoal da maracutaia não faz por menos!
Saibam, leitores e leitoras, que estão armando uma jogada que será, sem dúvida, a mais primorosa das que veremos dentro de campo.
Alguém aí ainda lembra-se dos "kits-socorro"?
Pois era equipamento obrigatório em todos os veículos e nada mais consistia do que uma caixinha furreca, com uma tesoura cega, um ínfimo pedaço de gaze, um esparadrapo vagabundo e um pálido vidrinho de mertiolato. Vítima tratada com tais materiais poderia ter sua vida salva no acidente, mas correria sério risco de contrair tétano!
É claro que todo mundo comprou a tal caixinha de Pandora, que era o salvo-conduto para livre trânsito. Acredito que ninguém tenha feito uso dela, mesmo porque o CNT impõe severas restrições a esse tipo de atendimento. Eu, como exceção, usei-a; prendi meu espelho retrovisor, que estava se soltando, com o amarelado esparadrapo!
Agora, façam as contas; milhares e milhares de carros portando essa excrescência, multiplicado pelo seu preço, mesmo que fosse muito baixo, e já terão ideia da fortuna que alguém embolsou. Pouco tempo depois, revogaram o dispositivo.
Mas, voltando à vaca fria, a CBF proibiu os artefatos ruidosos por que?
É elementar, meu caro Watson, por causa do barulho – óbvio ululante, como diria o Nelson Rodrigues; um ruido estranho e que nada tem a ver com o espetáculo, que atrapalha, que irrita pelo que tem de enfadonho, de linear.
O único clamor admitido é o da torcida; este é insubstituivel e tem o poder de eletrizar até os jogadores. Até se admitiria a bateria da Beija Flor, cuja percussão acelera o coração e anima a galera.
Não é que, como estava dizendo acima, prepara-se outro "pacote" com as mesmas características, como noticiou em O Globo" o cronista Ancelmo Gois, em sua coluna:
"O Ministério dos Esportes aprovou o projeto do paraibano AlcedoMedeiros, inventor do apito que lembra um "pedhuá" (sic), a vuvuzela brasileira para 2014."
Um tipo de apito (é, apito, mesmo, gente) que poderá ser usado nos estádios!
E esse apito (com características especiais, dizem) já estaria sendo fabricado por uma empresa, o que já dá a tônica da maracutaia descarada, de uma "licitação" dirigida.
Que características especiais serão essas? Será que ao invés de silvos eles emitirão os maviosos acordes de "Pour Elise"? Talvez transformem o ar em estrelinhas douradas que se derramarão sobre a galera, não?
Para mim, eles deveriam ser como os apitos para chamar cães (sem alusão); com frequência muito acima da que o ouvido humano pode captar.
Por enquanto trata-se de projeto, mas sempre ouvi dizer que onde há fumaça, há fogo.
Fiquemos atentos, amigos e amigas, pois se a ameaça se concretizar, vou partir com força total; vou convocar o jornalista e Recantista, Carlos da Costa, e toda a força batalhadora do Recanto e desancar o pau nas costas largas de quem estiver à frente do movimento.
Ah, isso eu vou mesmo, nem que seja meu último apito.
(não deixe de ler a colega Lenapena)