Dois anos sem Alex
A visão que você levou deste mundo não o deixaria hoje feliz, mas muito mais perplexo. Separados estamos ainda pela incompreensão do gesto que transformou o início de uma noite de terca-feira, comum, que deveria ser simples, alegre e, finalmente, reparadora quando o sono enfim chegasse, numa tragédia. Entretanto, aqui, nada mais foi igual. Muito mais do que um punho armado de morte inspirou-o um coração insensível e uma mente inadaptada ao convívio social. Contudo você soube, em vida, se preparar e lutar pelo direito sagrado de ir e de vir, dormir e acordar - não apenas naquela noite - mas em tantas outras que o aguardavam a vida.
Nossos filhos continuam indo e vindo, ainda os temos e amamos. A cada chegada deles, sorrimos e, em cada saída, angustiamo-nos. Como você pode ver, nada mudou aqui. O emprego e o desemprego, as lutas ingentes por um lugar na universidade formam filas intermináveis de meros aspirantes e de poucos e preocupados e nada felizes vencedores: os universitários.
Você soube enfrentar e vencer e conquistou, aqui, um lugar. A você se aplicam plenamente as palavras de Júlio César. "Vim, vi, venci". As filas intermináveis do vestibular, você venceu. O aperfeiçoamento dos ensinos universais, conquistou. A formação aprimorada na língua pátria e em outras, adquiriu. Mas... os filhos, a esposa, os cabelos brancos e os sonhos - que você, como jovem cidadão tinha o direito de vivê-los plenamente entre os seus - estes, estes nós os tiramos prematuramente de você; nós os tiramos de sua alma intrépida e nada burguesa. Nascida para vôos mais altos e corajosos. Nós os tiramos com a nossa covardia, incompreensão, egoísmo e desamor, que são geradores de todos os atos e fatos e de todas as lágrimas.
Quero crer que o sábio, bom e difícil aprendizado humano consiste em aprender e saber conjugar bem os verbos nos seus tempos e modos. Disse-me a professora de português que não os sabia conjugar. Só hoje a entendo.
"As coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão" animando a alma de todos os que o conheceram, e nas fotos e nos cantos, nas paredes de cada canto de sua casa lá está você, em cada espaço, preenchendo o vazio com a sua discreta, mas fulgurante beleza física.
Bem diferente deve ser a alma e a foto de quem dolorosamente destruiu a vida - bem maior - que conclama o Direito positivo a dizer o que já se sabia desde a época da pedra lascada que "uma injustiça praticada em qualquer lugar, ameaça a justiça em todos os lugares".
Nossos filhos continuam indo e vindo, ainda os temos e amamos. A cada chegada deles, sorrimos e, em cada saída, angustiamo-nos. Como você pode ver, nada mudou aqui. O emprego e o desemprego, as lutas ingentes por um lugar na universidade formam filas intermináveis de meros aspirantes e de poucos e preocupados e nada felizes vencedores: os universitários.
Você soube enfrentar e vencer e conquistou, aqui, um lugar. A você se aplicam plenamente as palavras de Júlio César. "Vim, vi, venci". As filas intermináveis do vestibular, você venceu. O aperfeiçoamento dos ensinos universais, conquistou. A formação aprimorada na língua pátria e em outras, adquiriu. Mas... os filhos, a esposa, os cabelos brancos e os sonhos - que você, como jovem cidadão tinha o direito de vivê-los plenamente entre os seus - estes, estes nós os tiramos prematuramente de você; nós os tiramos de sua alma intrépida e nada burguesa. Nascida para vôos mais altos e corajosos. Nós os tiramos com a nossa covardia, incompreensão, egoísmo e desamor, que são geradores de todos os atos e fatos e de todas as lágrimas.
Quero crer que o sábio, bom e difícil aprendizado humano consiste em aprender e saber conjugar bem os verbos nos seus tempos e modos. Disse-me a professora de português que não os sabia conjugar. Só hoje a entendo.
"As coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão" animando a alma de todos os que o conheceram, e nas fotos e nos cantos, nas paredes de cada canto de sua casa lá está você, em cada espaço, preenchendo o vazio com a sua discreta, mas fulgurante beleza física.
Bem diferente deve ser a alma e a foto de quem dolorosamente destruiu a vida - bem maior - que conclama o Direito positivo a dizer o que já se sabia desde a época da pedra lascada que "uma injustiça praticada em qualquer lugar, ameaça a justiça em todos os lugares".