UM BREVE SORRISO

e souza

Estou cá escrevendo sobre aqueles irremediáveis, incorrigíveis namoradores barulhentos e lindos “bichanos” como são carinhosamente chamados. Sempre fui um pouco reservado quanto aos felinos, de forma alguma os odeio, sempre tive preferência pelos sempre amigos cães, existem alguns que não fazem questão nenhuma de serem simpáticos. Têm um desses perto de casa, eu passo por lá e ele está sempre olhando para a parede, passo e digo: “oi cachorro”, ele simplesmente dá uma olhada de lado, pro meu lado e solta uma rosnada e volta a olhar para a parede. Penso que ele está coberto de razão, quando eu o cumprimento estou interrompendo a sua meditação matinal, só pode ser isso. Vou voltar aos namoradores da madrugada. Quando estou em casa, gosto e deixo tudo aberto e as luzes acesas, de quando em vez encontro passeando pela rua um gatinho, jovem, verdadeiramente um garoto, eu o encontro pelas ruas do bairro e digo: “oi gato” e entro pelo meu portão e ele fica lá do outro lado da rua só olhando e quando me viro, ele já desapareceu. E tem sido assim sempre, chego o cumprimento, atravesso a rua, entro pelo portão e quando me viro para fechá-lo, ele já não está mais lá. Noite dessas não o encontrei, mas gato sabe como é, às vezes está aqui, ali e num instante desaparece e esse meu novo amigo peludo é todinho preto é difícil vê-lo nas sombras das árvores. Entrei em casa fui para o quarto, liguei a TV , ouvi o noticiário enquanto escrevia algumas linhas, de repente de soslaio percebo uma sombra do outro lado da minha cama, não dei muita importância, até que a sombra me chamou a atenção novamente, levantei e fui com cautela para ver o que seria e lá estava ele, o gato, e quando me viu parece que ensaiou um sorriso, tomei-o no colo e fui até lá fora batendo um papo e passei a chamá-lo de “pretinho” e o deixei na calçada e ele se foi. Ainda o vi outras noites, mas sempre lá do outro lado da rua à sombra de uma árvore. No sábado ensolarado , saí de casa e encontrei minha vizinha que me perguntou:

- Lembra do gatinho?

Pô, quem ouve uma pergunta desse tipo já pensa logo o pior. E era mesmo! O pretinho havia sido atropelado ali mesmo, ele vinha atravessando para o nosso lado, quem sabe para outra visita inesperada, talvez para dar um susto ou simplesmente para dar quase um breve sorriso.

edsontomazdesouza@gmail.com

E Souza
Enviado por E Souza em 29/08/2012
Reeditado em 26/07/2014
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