Faz frio

                                        
 
            Os dias têm andados nebulosos, com chuva fina, o que os tornam frios.
            Fins de agosto, o último mês sem ‘r’.  Com a entrada de setembro vem a série dos incômodos meses que antecedem o verão, e passado este, astronomicamente quase sempre no dia 21 de março, no hemisfério sul, o calor continua a atazanar nossa baixa latitude.
            Acabam uns prazeres, começam outros.  O chá quente das tardes, o conhaque fino, tomado com moderação, as sopas perfumadas, o calor da cama – melhor quando estamos acompanhados pela pessoa certa.  A velha blusa de lã, já um pouco apertada pelo acúmulo de alguns quilos a mais, as meias esportivas que usamos com o tênis, nas caminhadas.  Talvez, deu vontade, um cigarro.  Um no fim da tarde e outro na metade da noite, fumo de qualidade que não deixe o ambiente empesteado.
            A esteira ergométrica para os preguiçosos, sou um deles, o banho bem temperado logo depois.  O filme lançado recentemente no aparelho que reproduz DVD.  O livro marcado, com anotações feitas a lápis, a procura de ideias para uma nova crônica, ou tela abstrata impregnada de técnica e conhecimento.  Tudo isto livremente, mas sem gratuidades.
            A primavera está próxima, começam os dias mais quentes, vem o cretino horário de verão, os dias passando a procura das festas de fim de ano.
            Tempos novos.  Agora, só ano que vem.


          imagem: "Blue Poles", por Jackson Pollock, óleo sobre tela, Galeria Nacional da Austrália.

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 29/08/2012
Reeditado em 29/08/2012
Código do texto: T3855117
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