JALECOS NA RUA
Leis existem para serem cumpridas, certo? Bem, pelo menos no Brasil não é o que acontece. Muitas delas, por sinal, nem deveriam existir, por óbvias que são, como obedecer aos sinais de trânsito, não matar, etc.
Venho falar da lei que foi sancionada para se proibir o uso do jaleco branco fora dos recintos hospitalares ( Lei nº 14.466, de 8/6/2011, do estado de São Paulo).
Ora, isso é uma coisa tão óbvia, que nem precisaria de lei. As pessoas da área da saúde – presume-se – estudam sobre as bactérias, convivem com pacientes com infecções as mais diversa e unicamente pelo bom senso deveriam perceber que aquele jaleco que é usado lá dentro está completamente contaminado por essas bactérias, esses germes contagiosos, e que, portanto, deveria ser utilizados só e exclusivamente dentro dos recintos dos hospitais. Mas não é o que constatamos
Vemos, na porta de hospitais, pessoas entrando e saindo livremente com o jaleco branco, como se aquilo fosse um troféu que deve ser mostrado às outras pessoas que não o possuem.
Quando a lei foi publicada, li depoimentos de profissionais da área médica alegando que não é só o jaleco, pois eles usam sapatos, relógios, celulares, etc., tudo contaminado, e tudo vai à rua e volta para o hospital e que, além disso há os visitantes dos pacientes que também levam germes para o hospital.
Bela lógica nessa argumentação! Quer dizer que, se não podemos consertar o que está errado, então não podemos fazer um pouco para não piorar ainda mais a situação?
Será que esses profissionais não pensam que, ao sair de casa já com o jaleco, estão colocando neles todos os germes da rua até o momento que entram no hospital, e, assim, levam para lá micróbios que talvez ainda não existissem naquele recinto?
Por outro lado, quando saem, parece não se preocuparem se estão levando bactérias às vezes perigosíssimas para as ruas, contagiando pessoas, mesas de restaurante, comidas nos self-services, balcões de bares e lanchonetes, assentos de transportes coletivos, etc.
Será que não percebem que o não cumprimento de uma lei tão simples pode colocar em risco a vida de muitas pessoas e que, entre essas, pode estar um filho, os próprios pais, ou até a deles próprios?
Pergunto: qual a dificuldade em transportar o jaleco numa embalagem plástica, para que fique menos exposto ao meio ambiente? Será que a classe médica, assim como outras nesse país desajustado, se sente acima da lei?