VELHOS AROMAS, NOVAS ESSÊNCIAS
Atravessei a rua e fui até à banca de jornal comprar cigarro.
- E aí?
- Beleza, Edgar. E você?
- Vou indo...
A roda de conversa parecia animada. Uns três ou quatro cabras, não me lembro bem, discutiam a nova eleição.
- E então, Edgar? Tu já sabe em quem vai votar?
- Sei lá.
- Sabe não? E teu povo lá de casa? E as plaquinhas no portão?
- Eles votam em quem quiser. Não moro sozinho, né?
- Sei. Tu não confia mais em político. Já disse.
- Pois é... E você? Apoia quem? – o sujeito fez aquela pose séria, estufada, olhar no horizonte...
- Olhe, esse ano vou me apoiar no Haddad. – (opa! Meu susto).
- Vai SE apoiar?!
- Sim. – respondeu placidamente. Nem tchum pra minha ironia. – E tu, Tião, apoia quem?
- Ainda não decidi. Acho que vou me apoiar no Russo Mano.
- Tá doido? – perguntou o primeiro.
- Sei direito, não. Ninguém fez campanha pra mim, ainda. Vamo ver. Ainda não me procuraram.
- Eu, já. Vou votar no Haddad. Ô, Edgar, teu pessoal tá sabendo se ele vem aqui no bairro?
Respondi, meio blazê:
- Sei não, fala com eles. – peguei o cigarro e saí. Continuaram o papo. Nem quis ouvir.
Sutilezas, sutilezas... Descobri uma vocação: degustador de café.
Vai chover hoje. Será?