HÁ QUANTO TEMPO EU PASSO POR ESSAS RUAS
Há quanto tempo eu passo por essas ruas! E lembro dos amigos das esquinas, das mesas de botão, do campinho, da pipa e do balão; do almanaque da Luluzinha e das histórias que ouvia, nas cabines da biblioteca, do macaco Simão. As ruas sabatinavam as lições da vida, ensinavam a conjugar o verbo tempo; eu aprendi tabuada contando paralelepípedos e a escrever poesia na areia, com os dedos.
As ruas nos dão a liberdade e por elas caminhamos acertando e errando, mas sempre caminhando. Pode ser que algumas vezes a gente fique na estrada, pedindo carona, com os rumos embaralhados pelas situações que criamos, mesmo assim estamos aprendendo as velhas lições dos velhos livros. Aliás, livros que nós escrevemos e não devemos corrigi-los, vamos escrever outro, com mais capricho quando da escolha das palavras, elas são poderosas e podem ferir, mas também curam, cicatrizam e trazem felicidade.
Por essas ruas eu podia fazer o que quisesse, como um novo dia que chega e acende novamente o sol, a cada manhã todas as células despertando para novas oportunidades. Assim são os nossos dias, estamos sempre despertando, nascendo de novo dentro de um carinho, de um perdão, de um muito obrigado.