Empate no STF
Todos sabemos que a Corte Suprema do país é composta de onze ministros, exatamente para evitar que ocorra empate em determinados julgamentos. Mas, por ocasião da aposentadoria de um, nem sempre a nomeação de outro para sucedê-lo ocorre simultaneamente. Tivemos essa situação no julgamento da vigência do “Ficha Limpa”, que por duas vezes deu empate.
Certa vez, valendo-me de uma dessas situações, adotei a minha própria “jurisprudência”, diante de um cliente que se apresentou com muita arrogância, com seu advogado a tiracolo.
_ Por enquanto, trouxe um advogado, mas o meu sindicato tem cinco.
_ Não tem problema, a minha empresa tem quinhentos, respondi eu na minha modéstia.
E, para demonstrar que o problema seria resolvido mais facilmente sem a intervenção do advogado, fui logo dizendo: “Meu amigo, até os ministros do STF divergem na interpretação da lei, quanto mais nós, pobres leigos em ciências jurídicas”. E acrescentei: “Se quiser resolver o problema no âmbito administrativo eu tenho competência para tal e isso será resolvido hoje mesmo. Mas, se for no campo jurídico eu tenho de submeter ao Departamento específico, pois foge da minha alçada. E o tempo para a solução, só Deus sabe”.
Cliente e advogado se entreolharam e o próprio advogado disse para o cliente: “Acho melhor deixar no âmbito administrativo”.
E eu, cá comigo: “Contra esperteza, esperteza e meia”.
PS. A "minha empresa" é um modo de dizer com a empresa em que trabalhamos. Nunca tive nenhuma, muito menos desse porte, com quinhentos advogados.