O PORTA RETRATO
Sempre que estou em minha sala, meus olhos recaem sobre o porta retrato, que está sobre o itajer. Nessa hora, doces reminiscências invadem minha alma.
Tantas foram às vezes, em que tomei entre as mãos a velha fotografia, e olhei-a detidamente. Como quem deseja dar movimento ao papel amarelado pelo tempo.
Algumas vezes, pensei tê-los visto, sorrindo para mim, ou olhando-me de maneira diferente.
Alucinações?! Desenhadas por minha alma, com o lápis da saudade? Pode ser, quem sabe?
Tento enxergar além do retrato. Na ânsia de desvendar-lhes a alma, nesse instante, que com certeza foi tão especial para os dois.
Quanto mais os olho, mais acho-os, um lindo casal.
Um belo e elegante casal de noivos apaixonados.
No itajer, descansam inúmeros outros, porta-retratos, todos contendo fotos em branco e preto, de uma época que vai longe no tempo, mas bem perto do coração.
Esse, porém, é o que toca mais fundo a minha alma.
Foi do amor desse casal, que eu nasci para essa vida.
Todos os dias, agradeço a eles, por essa dádiva.
(Foto da autora)