PASSAGEIRO DA NOITE

Era noite de natal, e neste mundo de papai Noel, muitas pessoas sentem-se felizes em ocasiões como essas. Saúde, dinheiro, tudo correndo favorável quanto ao sexo oposto, sem grandes preocupações com o futuro. Para outras, entretanto, falta tudo, principalmente o amor, o dinheiro ou a saúde.

E foi neste outro lado que resolvemos espionar.

Entrando de forma invisível numa casa em que tudo parecia estar certo, encontramos um homem solitário, apesar de rodeado pela família ou parte dela.

Procuramos nos inteirar do que lhe faltava e tivemos que acompanhá-lo durante algumas horas para entender qual o motivo da sua desdita.

Ele havia passado a tarde toda em depressão. A morte parecia ser o seu pensamento preferido como se uma idéia fixa o estivesse aniquilando. Com a movimentação festiva, entrada e saída de pessoas da família, e amigos, havia melhorado o astral, apesar de demonstrar tristeza na sua fisionomia. Não queria beber ou comer e fixava os olhos na TV como se estivesse vendo o infinito.

Depois de ter feito uma análise em toda a sua participação durante aquele breve período, compreendi que o que lhe ocorrera, de fato, teria sido a desmotivação do viver.

A partir daí, procurei concentrar-me em sua mente e descobri que o nosso solitário havia perdido a esperança.

E como de esperança eu entendo, e muito, achei por bem de proporcionar-lhe a visita de alguém que não sendo especial até então, poderia passar a sê-lo.

Foi assim que quando você apareceu, exatamente às 23 horas naquela casa, foi como se uma transformação passasse pelo antes solitário passageiro da noite de Natal. Você conseguiu apenas com a sua presença, mudar a vida dele. Deu-lhe esperança e motivação para viver.

E que ninguém pode viver sem o forte desejo de amar, mesmo sem que a recíproca seja verdadeira.

O resto deste episódio não poderei contar, pois que fui obrigado a voltar a minha própria casa, instado pela presença de amigos que perguntavam-me sempre se eu estava bem.

Você anda triste amigo, chegou a segredar-me alguém, entretanto outros perguntavam-me se passava bem ou se sentia algum mal físico.

Confesso que o meu pensamento foi o melhor presente que consegui dar a alguém que se encontrava no limiar do desconhecido.

Quando pedi a você que viesse socorrê-lo e fui atendido, certamente consegui fazer o seu natal mais feliz, desde que você levou a alguém o maior presente que alguém pode receber, que é voltar a amar a vida.

Não interessa, se outros episódios marcaram bem ou mal a nossa história natalina, mas importa muito, que cada um de nós se preocupe um pouco com as pessoas que conhecemos e amamos, mas achamos que não precisam do nosso carinho, da nossa ajuda.

A curiosidade de sabermos o final feliz ou não da história é secundário. Faz parte da fraqueza terrena. E como quem me deu essa experiência foi o espírito, acho que não devo revelar o nome do solitário da noite de natal, que recebeu a visita de uma mulher muito bonita que mudou-lhe a vida, trazendo-lhe novamente a verdadeira vontade de viver.

O nome da mulher? Também não importa...

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 28/07/2005
Código do texto: T38537
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