Ticundum (Mater Brasiliensium)
Ei, ei.
Estou falando com você.
Aonde você vai?
Sair à noite, madrugada?
(ticundum, ticundum, ticundum)
Não ouviu o noticiário?
Arrastaram um menino até a morte,
eu sei, é verdade, prenderam os assassinos.
A justiça foi feita.
Devo ficar calma.
(ticundum, ticundum, ticundum)
Não está com fome?
Olha, leve alguma coisa para comer,
espere, vou ali pegar. Hummmmmm...
Melhor você comer na rua,
peça uns trocados por aí.
Eu disse: peça!
(pipipííí, pipipííí, pipipííí)
Por favor, tirem meu filho daí.
Eu avisei, agora fica aí me olhando.
Não, não vou pagar fiança, não tenho.
Tá vendo, vai ter que ficar aí.
Qual é o horário de visita?
O que você quer que eu traga?
Não, isso não, nunca!
(ticundum, ticundum, ticundum)
Moço, me dá uma dose?
Isso, da pior cachaça.
Mais uma, mais uma...
Eu disse que estou bem.
EU ESTOU BEM E POSSO IR SOZINHA!
Tire as suas mãos de mim,
não, assim não, para, para!
(Será que eu morri,
todos estão de branco?).
Moço, onde eu estou?
Eu não estou doente, tenho que ir,
nem roupa eu trouxe.
Remédio? Não obrigada.
(ticundum, ticundum, ticundum)
Quem será, não conheço esse número?
Alô, o quê, meu marido? Meu marido o quê?
Você deve estar enganado sim.
É, ele trabalha perto do metrô.
O quê? Sim, ele dirige caminhão sim.
O caminhão o quê? Caiu no buraco? Ele morreu?
(ticundum, ticundum, ticundum)
Não tenho dinheiro, vai do mais simples,
isso, só as flores sem a coroa.
Obrigada, eu sei que ele está em paz.
Esteja em paz querido.
Sim, também vou para lá. Me dá uma carona?
Pode me deixar aqui, quero ficar aqui.
(ticundum, ticundum, ticundum)
Sou eu mesma, mulher do Mané,
posso entrar? Quanta bondade.
(ticundum, ticundum, ticundum)
Moço, me paga uma cerveja,
eu quero desfilar com aquela fantasia.
(ticundum, ticundum, ticundum)
Tem que ter leque de penas de ganso
e um costeiro bem armado.
(ticundum, ticundum, ticundum)
Hoje a bateria da escola está muito boa.
Moço, mais uma cerveja?
(ticundum, ticundum, ticundum)
Mais uma.
(ticundum, ticundum, ticundum)