80 – C (RE)FLEXOS
A Alda moldou o mote que a Otília pintou:
REFLEXOS.
Os da Alda mais de (a)feição social,
os da Otília mais de sabor pessoal.
Duas substâncias:
a tinta na tela na Otília e o barro na Alda.
Dois sentires:
O sentir profundo da Água brota quando a emoção se racionaliza;
o sentir fundo do Barro surge quando a razão se emociona.
Dois elementos iniciais:
a Vida pulou das águas dos Oceanos;
O Criador criou a sua Criatura do Barro.
Mas, sob um olhar (re)dito,
outro,
pouco ou nunca dito,
diz-nos que uns e outros têm o outro lado do outro.
E um terceiro elemento inicial, o que criou e cria os outros,
este,
a palavra que tomei para criar o que sinto.
Reflexo também de razões emocionadas e de emoções racionalizadas?
Por entre neblinas, duas certezas dúbias:
a solidez curvilínea do barro,
antes, moleza plástica,
e a fluidez eterna da água,
agora plácida,
logo tempestuosa,
por cima calma,
por baixo caudalosa.
E um dos efeitos vistos:
Uma só cor de subtis emoções moldadas no barro e muitas cores de emoções finas pintadas na tela.
Feitos com quê?
Mãos e coração e cérebro, instrumentos a lavrar ideias.
Umas e outros a desbastar o barro com água.
Outras a empunhar o pincel ou o dedo.
Ou a desencantar símbolos/sons que traduzam ideias e sentires.
Mário Moura
Ribeira Grande 28 de Agosto de 2012