Dente sim... , dente não...
O uso do aparelho ortodôntico transforma a sua voz num som esganiçado semelhante ao alarido do pato Donald. Desde a mais tenra idade sua boca foi alvo de atenção. Uma doença rara fez o dentista da sua família lhe arrancar todos os dentes! Banguela... seu riso mostra gengivas perfeitamente desdentadas ... na sua boca nada de sorriso amarelo... Pegadinha boba essa que acabei de fazer, não é leitor?!
“Mãe! Quando eu tiver dente quero do tamanho da tranca da porta!”
Ah! Você não sabe o que é tranca, leitor? Bem! Casa antiga não tinha fechadura com chave, mas uma madeira grossa enroscada de um lado ao outro na horizontal no meio da porta. A tranca se encaixava em duas madeiras (forquilhas), uma em cada lado do batente da porta... a tranca era colocada a noite na hora de dormir. Portas e portões ficavam fechados somente no trinco, na porta tinha um buraquinho por onde passava um cordão, onde as pessoas puxavam para abri-la. Assustado com a precariedade da segurança, amigo leitor!?... outros tempos nem tão distantes em que os valores positivos eram o forte da educação dos filhos: o bem material do outro, somente, a ele pertencia!
Voltando aos dentes... foram nascendo como pipoca por todas as direções até mesmo no céu da boca...coitada da menina... e tão grandes... um sufoco! Seu sorriso se tornou maior que a boca!
“Dentes extras! Precisamos arrancar uma meia dúzia de dentes..., pelo menos, os que estão com as raízes cruzadas no céu da boca. Nossa! Como estão apinhados...”
Dia de dentista. Espera... sala cheia! Clarice presta atenção na senhora conversando logo a sua frente, com grandes espaços entre os dentes. Olhando para a mãe e apontando a mulher... “Mãe tá faltando dente naquela boca... olha eu contei dente sim, dente não... será que eu não posso dar pra ela os meus que estão sobrando?!?