SE PUDESSE....

Tantos podem falar a mesma coisa, “ se pudesse....”. Nessa locução muito pode estar inserido.

O “se pudesse” de uns é o “pouco me importa de outros”.

Lógico, o anseio de cada um identifica uma personalidade individualizada.

Mas é o “se pudesse” no universo do possível que se torna impossível por circunstâncias e fatores. E o “se pudesse” poderia ser realidade para o desejo e a vontade, mas razões maiores impedem.

Muitos estariam voltados para ter isso ou aquilo, que muitos já têm, parar de trabalhar, viajar por lugares inimagináveis, usufruir de confortos máximos, jogar jogos de azar compulsivamente, despreocupado com dinheiro (tenho amigos assim, que vão para o Caribe e se enfiam em cassinos com praias maravilhosas em sua frente e nelas não vão), uma lista enorme que é universo particular e exclusivo de cada um.

Para uns o “se pudesse” é sonho, para outros realidade abortada.

Já vi alguns avaliadores que avaliam mal, muito mal, neste espaço, dizerem que pessoas se expõem escrevendo, nada mais faz quem escreve do que se expor. Quem não quer se expor não escreva, alguns nem deveriam fazê-lo, pois mentem demais na exposição, fica claro quando falam do que não conhecem.

Sou franco no meu convencimento. Me exponho no meu “se pudesse”, dizendo que nada trocaria pelo que vivo, mas “se pudesse”, onde se compreende o destino da jornada, moraria em Florença, onde todo dia estaria em contato com as obras da renascença, um deleite para os olhos, e colado a todo o acervo europeu. Ver “ O Rapto de Proserpina” em Roma, na Galeria Borghese, na cidade eterna de Bernini, a sombra e luz de Caravaggio, em Santa Maria Del Popolo, na Crucificação de São Pedro e na Revelação de São Paulo, caminhar de noite pela magia iluminada de suas ruas, estar próximo a Amsterdam de Van Gogh, ver um concerto de surpresa na Madeleine e vocal sueco de jovens, como se anjos fossem em suas vozes, em Paris, sem nada pagar, ou ouvir, também, de surpresa, a afinação da Orquestra Nacional da França na Igreja de Saint Denis.

Florença é lugar de várias visitas minhas e estadas que me deixaram conhecer quase todos seus segredos, e reportar em filmes, mas morar....ver todo dia suas belezas rotineiramente, como a casa de Michelangelo e as Lunetas de Galileu em sua casa, e ao mesmo tempo estar próximo de tudo que maravilha os sentidos, configura o meu “se pudesse”, embora viva com máxima alegria junto aos meus filhos e netas. Não renego a vinda de meu sangue - cuja cidadania tenho - para o Brasil que tanto amo, explorado por seus descobridores, castrado em suas riquezas e que será inegavelmente o país do futuro. Vieram quando em dificuldade do pós-guerra, e diga-se, o Brasil é um jovem que ficou de pé datam duzentos anos aproximados.

Minhas netas são as maiores maravilhas que me permitem, agora, ver as outras maravilhas referidas, nas férias da “creche”, em voltas permanentes.

SE PUDESSE.....

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 27/08/2012
Reeditado em 27/08/2012
Código do texto: T3851796
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