Eu gosto de ver o Guia Eleitoral!


imagem:paulista40graus.com.br
 
     Começou a propaganda eleitoral obrigatória no rádio e na TV e vou confessar uma coisa, mesmo correndo o risco de ser encaminhada para algum serviço psiquiátrico: Eu gosto de ver o Guia Eleitoral!
     Certamente que as minhas razões não são de eleitora deslumbrada, mas de pessoa curiosa que vê no desfile de tipos tão humanos e talvez por isso, tão prosaicos, tão excêntricos, tão “se achantes”, tão “espertos”, tão, tão... que não posso deixar escapar a oportunidade de me refestelar com esse “buraco na fechadura” da alma humana.
     O que me chama a atenção, de imediato, é a convicção com que falam: todos e todas, sem exceção, em qualquer cargo pleiteado tentam nos convencer que são o último copo d’água no deserto, que são os salvadores da lavoura, da pátria, os verdadeiros- e únicos- heróis da sala da justiça.
     Gosto de “análise de discurso” eleitoral, gosto de imaginar as entrelinhas de cada fala. Os que me conhecem sabem bem que não sou adepta das generalizações.O meu destaque aqui é para a fraude, para o tipo que diz abertamente ser o que não é e nem pretende ser. Acredito de verdade que estão sendo honestos ao menos numa coisa:querem mesmo a vaga que pleiteiam!
     Muitos sabem que "a parte que lhe cabe neste latifúndio" é a de puxa-saco, de cabo eleitoral mal pago, ou bem pago, sei lá, de comensal das sobras mas ainda assim jogam-se na aventura de “caçar votos”.
     Sei, acredito firmemente, que há ainda gente séria, gente boa, trabalhadora e honesta exercendo cargos públicos de representação nesse país. A estes a minha solidariedade, a eterna vigilância e o peso da responsabilidade em não deixar o barco à deriva. Sei também que vão dizer que acredito em Papai Noel, duendes e fadas ...
       Quero dizer que aprendo muito com o Guia Eleitoral. A lição maior é que se fosse do tipo impressionável, desistiria de votar. A segunda lição é que o Guia tem sido, ao longo de sua existência, a vitrine do bizarro, da falta de ética, do desrespeito a quem leva a sério o seu voto.
               Jamais escolhi candidato pelo Guia e imagino que quem se leva a sério também não. A terceira e última lição (por enquanto...) é de que devo me cuidar e temer o que ouvirei nos próximos Guias. Anos atrás tirava Vinícius da sala mas ele teimoso, como a mãe, assistia e dava boas risadas comigo.
     Lembro-me de uma frase de rara sabedoria popular: “Política: o bolo é o mesmo mas as moscas se revezam” e lembro Brecht Será que teremos que contar com a sorte?"
 

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