Aprendendo com Camelot
Aprendendo Com Camelot
Jorge Linhaça
“Somente Quando Servimos Uns Aos Outros É Que Nos Tornamos Fortes.”
Camelot, a sociedade ideal do Rei Arthur, quer seja lenda ou não ( afinal toda lenda tem o seu fundo de verdade ) parecia compreender bem o maior dos
princípios cristãos, a necessidade do serviço ao próximo, da reciprocidade necessária para o crescimento individual e coletivo.
Hoje poderíamos tentar sintetizar o lema de Camelot em um adágio popular que diz “ A união faz a força!”
Infelizmente, na sociedade atual, predomina o ideal de Mordred, rival de Arthur, que pregava que que quem não é forte o bastante tem de ser subjugado.
Isso ocorre nas lutas corporativas, nas instituições e na esfera pessoal de cada indivíduo. Parece que a dinâmica da vida resume-se a obter notoriedade e vantagem sobre aqueles que nos cercam.
Não é à toa que vivemos em uma sociedade enfraquecida, indolente e subserviente, sempre à espera de que surja um “salvador da pátria” que vá resolver os nossos problemas. Acostumamo-nos a ouvir e acreditar em promessas que raramente vemos serem cumpridas. E isso não diz respeito apenas aos políticos profissionais de plantão.
A desagregação de nossa sociedade contemporânea é tamanha que mesmo a célula máter da sociedade ( e talvez justamente por conta disso ) tornou-se palco de disputa pelo poder seja entre os cônjuges ou entre pais e filhos.
Não importa quão consensual ou tranquila seja uma separação ou divórcio, uma das partes fica sempre alijada do convívio com os filhos, tendo seu acesso a estes limitado seja por questões legais ou simplesmente pelo ritmo que a vida lhe impõe.
Não há soluções mágicas para a solução de todos os problemas da vida moderna, mas qualquer que seja o caminho que se percorra para tal, ele há de passar pela disposição de dar maior atenção ao próximo e aprender a trabalhar em conjunto, deixando de lado os interesses estritamente pessoais e egoístas.
As pessoas precisam aprender a ser proativas ao invés de reativas, é necessário que se desenvolva uma visão do todo ao invés da visão fragmentada que temos da sociedade.
Claro que sempre haverá líderes e liderados, no entanto, o trabalho conjunto direcionado para um determinado objetivo, visando o bem comum, sem que se espere que alguém mande e a liberdade de ação com o direito de errar hoje para acertar amanhã, criarão, sem dúvidas uma quantidade de pessoas capazes e comprometidas com o coletivo.
Claro que a liberdade de ação gera a responsabilidade pelos seus próprios atos e a necessidade de correções de rotas durante o caminho trilhado.
Ser proativo não depende apenas de um desejo ou de uma característica intrínseca de personalidade, depende também da disposição se romper barreiras emocionais e condicionadoras que nos tem sido impostas ao longo de nossas vidas.
Como em tudo a que nos propomos, ser proativo exige treino e perseverança, exige desenvolver a capacidade de suportar revezes que por certo aparecerão, assim como eventuais fracassos, que fazem parte da nossa capacidade de aprender com os erros e agregar valores durante essa trajetória.
Alguém já disse que “a página seguinte do sucesso é a do fracasso”.
Isso ocorre quando existe uma acomodação com o status alcançado em determinadas ações e a indolência em não perceber a mobilidade das relações humanas..
Uma fórmula que hoje se revela de sucesso, se nos rendermos ao imobilismo, amanhã se revelará ultrapassada pois outros aprendem com nosso sucesso e procuram sempre novas maneiras de aperfeiçoar essa fórmula. Sempre há algo a ser melhorado, aperfeiçoado, a vida é dinâmica e as relações humanas estão em constante mutação.
É preciso estar atento para não não sermos vítimas de uma acomodação e dos auto-elogios que nos mantenham ilusoriamente no topo de nossa arrogância, crendo que ninguém surgirá com novas capacidades ou visão melhorada quanto às nossas ações momentaneamente revolucionárias.
É preciso aprender a ver e a ouvir o que os outros tem a dizer, é preciso saber agregar valor aos que nos cercam, ao mesmo tempo em que agregamos valores de nossos pares.
Salvador, 26 de agosto de 2012