Calada e Encantada
Encanto é algo muito bonito que aparece na sua vida quando você menos espera.
Durante muitos anos, a minha vida se resumiu em dois lugares – a cidade que nasci e um cantinho mágico, onde plantei dezenas de árvores. A minha terra natal é puro encantamento, pelos seus vales verdes, os jardins bem cuidados. Cada vez que subo suas serras o meu coração se alegra. Até o mato da beira da estrada é observado por mim em toda sua exuberância. (Mato é bonito também...)
As pessoas como eu, com o canal visual muito desenvolvido, possuem grande percepção na beleza e nos detalhes visuais. As minhas escolhas são, na maioria do tempo, baseadas no belo. A isso damos o nome de Sinestesia, que é a percepção de cada um no visual, no auditivo, no olfato e no tato.
É através do Visual que desenvolvo os outros sentimentos, dando forma a esta pessoa de grande sensibilidade e afeto por pessoas, animais, natureza.
Não sou detalhista na vida real, mas desenvolvo uma conexão tão intensa com o belo que, não raras vezes, torno-me “calada e encantada”.
Neste final de semana pude estar com várias pessoas que me permitiram uma aproximação muito grande, onde pudemos mostrar todos (quase) os lados de cada uma: a eterna criança que existe em nós, a mocinha ansiosa, aquela apaixonada, a que precisa ficar só por momentos, a que descobre o valor de estar viva, a que quer conhecer, aventurar-se de qualquer modo, a que busca uma liberdade que nunca se permitiu ter.
Alguns momentos que vivemos foram tão cheios de riqueza espiritual que somente quem tem uma oportunidade de vivenciar algo parecido, poderá alcançar a que me refiro. Foi um encontro que estava escrito. Várias personalidades diferentes tornando-se uma só.
Num dos muitos momentos bons que vivenciamos, estávamos as quatro numa sala escura de um Museu em Belo Horizonte, rodando nossos olhos para cada figura à nossa frente, enquanto uma performance de atores magníficos nos perseguia, em total sinestesia visual e auditiva. Na sala de “Os Inconfidentes” pudemos ver cor de olhos, expressões físicas, de medo, de alegria, de sensualidade, de ironia, de poder, de inveja, de poesia, de amor, de que mais... De que?
Ao sair da sala, falei baixinho: - Calada e Encantada.
Parece que minha voz ecoou em cada uma, pois fizemos um pacto de oito mãos para visualizar o belo, o bom e que merecemos nesta vida: a busca eterna de ser feliz.
Assim somos as quatro, cada uma vivendo intensamente o seu momento, neste domingo de chuva de final de Agosto.
Bom domingo!
Imagem : Um céu meu.