O JARDIM DO ATLÂNTICO
O JARDIM DO ATLÂNTICO
Por volta da metade dos anos 50, meu pai comprou um apartamento em Santos. No Condomínio Jardim do Atlântico. No Embaré. Era a coqueluche da época. Uma verdadeira cidade, com salões de jogos, de festas, restaurantes, quadra de tênis, ringue de patinação, quadra poliesportiva, muito jardim. Havia muitos apartamentos, e nas férias ou fins de semana prolongados, sua população chegava a ser maior do que muitas cidades do interior. Ali formamos um grande grupo de amizade, entre moças e rapazes. Promovíamos bailes todas as noites, com a presença de muita garotada de fora.
No carnaval, então, a folia era imensa. Fazíamos corso, até certo ponto violento, com farinha, ovos e água. Virava “una pasta asciutta”.
Nessa época, houve o início de muitos namoros, como o do primo Helio com a Fernanda, ainda hoje casados.
Outro evento muito alegre era o tradicional Banho da Dorotéia, promovido pela Prefeitura de Santos, que se constituía num desfile de carros abertos, com a personagem central, um homem travestido, e quando chegava na Ponta da Praia, pulava de um trampolim nas águas do mar.
Não tenho conhecimento que isso perdure.
Coincidentemente, no mesmo prédio, a família da minha segunda namorada, a Marly Luciano, também teve apartamento, de modo que o namoro era em tempo integral.
Um morador do prédio, o Orlando, era ligado ao Santos F. C. e, numa determinada ocasião em que eu estava lá, me convidou para assistir um jogo na Vila Belmiro. Imagina se não fui! O Santos goleou o adversário, um clube do interior, se não me engano o XV de Jaú. Terminado o jogo, o Orlando me levou aos vestiários, e aí cumprimentei o Pelé tomando banho, como ele veio ao mundo.
Mantivemos o apartamento até 1970, tendo freqüentado o mesmo, após casado. Com a morte de minha mãe, que o adorava, meu pai resolveu vendê-lo.
Foram anos e anos de muita diversão.
A saudade daquele período é muito grande! Tempo de indeléveis recordações!