INDEPENDÊNCIA...JULGAMENTO.

Li no aniversário do centenário de Nelson Rodrigues, a quem alguns creditam o teatro brasileiro, que se ele estivesse vivo nos dias de hoje, diria diante do julgamento para onde todos voltam os olhos que: “Em Brasília não há inocentes, todos são cúmplices.”

Até onde projetam esse acumpliciamento esses roteiristas de ocasião?

Seja qual for essa cadeia de elos possíveis, só uma função estatal deve estar distante de qualquer cumplicidade, a judicial. Pretende-se...

Para tanto é indispensável um valor. Para essa função, um máximo valor é imprescindível,é como cordão umbilical que alimenta o feto, a independência. Mesmo com relação à pressão pública.

Poucos entendem a ceguidade de Temis, a deusa da justiça. A venda nos olhos sinaliza a distância das interferências, a imparcialidade, a independência, estar supremamente acima dos poderosos. Tudo para fazer justiça.Tem os olhos fechados para o poder e as influência em geral. É o sentido filosófico da cegueira e a razão da venda em seus olhos.

Juiz independente, isento, correto, impessoal, é tudo um.

Se multiplicam os ideólogos do nada, arquitetos da frustração, costureiros das falas prometidas mimetizadas em ficção. E assistimos..inermes e inertes, esse séquito que transformou a ciência política em cárcere da pessoalidade.

Na função judicial não há verdade ignorada, há posição alinhada a uma das partes. Esta a grande verdade ignorada...a verdade verdadeira, e ela é absoluta e uma só.

Jesus Cristo, o Homem invulgar, o ser mais excelente, nada disse sobre o que seria a verdade, perguntado pelo representante romano sobre a mesma. E ninguém é dono de verdade alguma, retórica-doutrinária opiniosa que arregimenta vassalos, ainda que o direito seja ciência opinativa, pois a sociedade está em permanente construção. Mas fatos são fatos, verdadeiros segundo razões defendidas, outros não. Provas se formalizam, principalmente as exatas, como periciais.

Cristo não definiu a verdade por ser seu ideal a justiça, nela está a verdade.

Mesmo diante de uma montanha de “provas”, não é possível pontilharem conflitos de confronto impossível.

Somente a verdade vence a mentira, da mesma forma que a mentira esconde a verdade.

E isso esperamos da justiça em geral, a verdade, por vezes ela acontece.

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Essa foi a resposta a email que dei a amigo e colega, relativo ao julgamento de ontem, mandado a mim e a outras pessoas Uma delas, com propriedade, assim colocou diante de minha resposta:

"Depois da constatação do resultado da grande transformação humana a partir da tecnologia, nada como ler um pouco de filosofia cotidiana, principalmente aquela que nos faz pensar sobre nosso alinhamento emocional, educacional, cultural e acadêmico, seja em que tipo de área for.

Este julgamento não nos remete apenas à escolha do inocente ou do culpado; nosso país trabalha com uma ética própria e individual. Este julgamento nos remete justamente ao ponto afirmado por seu amigo: a independência. Tão difícil de sustentar; tão fácil de se perder e tão libertador de se ter.

Bom final de semana!!"

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 24/08/2012
Reeditado em 24/08/2012
Código do texto: T3847233
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