DemoCARAcia
Resido na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. E às vezes tenho que ir a um dos laboratórios de análises clínicas situados no lado da Avenida das Américas, mais ou menos em frente aos shoppings Downtown ou Cittá América. Nesse lado está localizado o prédio do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Toda vez que passo na calçada em frente a esse prédio, confesso que sinto lá dentro aquele odiozinho enraizado, enrustido, empedrado de que consigo me livrar, felizmente, depois de alguns minutos.
Não é pelo Brasil não ter conseguido as medalhas que poderia ter obtido como país detentor da sexta ou sétima economia no mundo ou país candidato a uma vaga no Conselho das Nações Unidas. É porque se trata de um prédio construído com o dinheiro público, com seus manobristas e funcionários subalternos pagos com o dinheiro público e seus funcionários de graduação mais elevada sendo também remunerados da mesma forma.
Esses últimos então, a despeito de serem provavelmente bem remunerados, ainda conseguindo descobrir formas de aumentar os seus rendimentos a partir de vantagens obtidas através dos cargos que exercem. Fazendo alusão ao que se conhecia por “maracutaia”, termo que o PT cunhou para combater procedimentos condenáveis antes atribuídos a quem não fosse do partido. Mas agora atribuídos a qualquer pessoa investida em cargo político, já que todos os partidos são iguais. O que levou, ao que parece, o termo a cair em desuso. Mas não as práticas a ele correspondentes.
A questão crucial, contudo, e que me causa indignação, é que as portas do COB permanecem fechadas o dia inteiro, impedindo o acesso do público ao prédio. Configurando-se uma situação que nos dias de hoje já nem sei se é curiosa: a de o povo não poder ter acesso a um prédio público construído com o seu dinheiro.
E isso é porque vivemos numa demoCARAcia. Imagina se vivêssemos no totalitarismo!
Mas hoje é 24 de agosto. Então:
Viva Getúlio!
Rio, 24/08/2012