VELHICE
A velhice se encontrou sozinha quando chegou o inverno.
Um cachecol de lã em volta do pescoço. Uma tosse seca... O corpo vergado ao peso das lutas e das doenças que lhe destruíram as células jovens... A sabedoria escondida numa voz rouca... O olhar vago nas suas reminiscências...
Lembra a infância tão distante! Brincadeiras... A adolescência... Olhares enamorados a distancia. Ela: um casamento ainda coberto com o véu da inocência. A submissão total ao jugo do esposo. O mistério da vida crescendo o ventre uma dezena de vezes... Ele: Amores boêmios da adolescência... Depois a posição social imposta pelo casamento... Punhos de aço protegendo a família e os princípios... A luta árdua de sol a sol, trânsito a trânsito, para prover o sustento...
O tempo passa. A primavera. O verão. O outono. Vem o Inverno... Murcha a pele viçosa. Sulcos profundos escondem a feições de uma juventude perdida. As pálpebras escondem o olhar antes risonho, meigo ou severo. O corpo trêmulo. Decaído. O equilíbrio perdido... Desconcertante é o seu caminhar. Mas a alma é serena apesar do frio... Serena como os flocos da neve que se acumulam na sua longa estrada.
Talvez ninguém compreenda, mas a madrugada do inverno é longa para a velhice. A insônia maldita. O frio dilacera as carnes secas. O frio da alma pode ser mais intenso. A solidão é injusta. O abandono ainda mais.
Em cada hora que ainda lhe falta para viver, há um reencontro com o passado... Esse olhar pra atrás... Como numa rua! Mesmo que a rua seja solitária e silenciosa há um momento que se para e olha para trás, mesmo na certeza de que o outro lado seja o seu fim... O fim do inverno. Frio. Triste...
( IMAGEM GOOGLE)
A velhice se encontrou sozinha quando chegou o inverno.
Um cachecol de lã em volta do pescoço. Uma tosse seca... O corpo vergado ao peso das lutas e das doenças que lhe destruíram as células jovens... A sabedoria escondida numa voz rouca... O olhar vago nas suas reminiscências...
Lembra a infância tão distante! Brincadeiras... A adolescência... Olhares enamorados a distancia. Ela: um casamento ainda coberto com o véu da inocência. A submissão total ao jugo do esposo. O mistério da vida crescendo o ventre uma dezena de vezes... Ele: Amores boêmios da adolescência... Depois a posição social imposta pelo casamento... Punhos de aço protegendo a família e os princípios... A luta árdua de sol a sol, trânsito a trânsito, para prover o sustento...
O tempo passa. A primavera. O verão. O outono. Vem o Inverno... Murcha a pele viçosa. Sulcos profundos escondem a feições de uma juventude perdida. As pálpebras escondem o olhar antes risonho, meigo ou severo. O corpo trêmulo. Decaído. O equilíbrio perdido... Desconcertante é o seu caminhar. Mas a alma é serena apesar do frio... Serena como os flocos da neve que se acumulam na sua longa estrada.
Talvez ninguém compreenda, mas a madrugada do inverno é longa para a velhice. A insônia maldita. O frio dilacera as carnes secas. O frio da alma pode ser mais intenso. A solidão é injusta. O abandono ainda mais.
Em cada hora que ainda lhe falta para viver, há um reencontro com o passado... Esse olhar pra atrás... Como numa rua! Mesmo que a rua seja solitária e silenciosa há um momento que se para e olha para trás, mesmo na certeza de que o outro lado seja o seu fim... O fim do inverno. Frio. Triste...
( IMAGEM GOOGLE)