Rumo da Música
Talvez não concorde comigo, mas é o que eu penso.
Nunca tive preconceito com relação a música, nunca me prendi a nenhum estilo e até acho que quem realmente gosta de música tem que ser um pouco assim, afinal em todos já encontrei coisas muito boas, como também coisas ruins. Como compositor sei que isso acontece também com a gente, nem sempre a nossa música fica legal, na verdade a maioria não fica. Sei que música não é simplesmente uma questão de gosto, as vezes depende muito mais da ocasião (música erudita nunca vai cair bem num churrasco entre amigos).
Enfim... Não tenho preconceito, entendo a questão da ocasião. O que não entendo é o que aconteceu com a nossa música. De um tempo pra cá, salvo raras exceções, só aparece merda. Aparecer não é o problema, o problema que essas merdas são as que fazem mais sucesso e é isso que eu não entendo. O pior é que algumas ganham destaque internacional. Parece que o mal gosto é universal. A música deixou de ser arte pra virar um produto estritamente comercial, sei disso, mas só é comercial porque as pessoas compram e eu não consigo entender o porque.
Sei que vivemos num pais onde 20% da população entre 15 e 49 anos são considerados analfabetos funcionais (dados Inaf, Ibope) talvez seja uma ponta do problema, mas e o resto? Não considero, de forma alguma, que uma música ou poesia é melhor quanto mais palavras incomuns são usadas. As músicas mais lindas que conheço foram escritas de forma simples, não há dificuldade alguma para entende-las.
Falta compositores, bons letristas? Acho que não, já vi tanta coisas boas por ai. Falta mesmo oportunidades, já que muitos artistas acabam gravando apenas suas próprias composições. Sem perceber acabam ficando extremamente repetitivos. É assim com a maioria dos compositores, principalmente quando tem que compor sem muita liberdade, visando atender ao apelo comercial, e num curto período de tempo varias canções. Sei que com a pirataria ficou difícil vender CDs e a arrecadação com os direitos autorais é uma forma de compensar isso.
Bem, tá aí! Talvez o grande problema foi realmente a pirataria. O artista passou a depender dos shows. Como o público do show geralmente é um publico jovem buscando mais azaração do que qualquer outra coisa, a ocasião, neste caso, passou a exigir músicas mais descontraídas e fáceis. Olha só a ironia, tanta coisa pra pegar, mas nada mais que vale a pena.
De certa forma a pirataria explica, mas não me convence totalmente, deve haver um grande número de pessoas como eu esperando por algo que realmente vale a pena.
Que rumo tudo isso vai tomar? Será que vou ter que guardar meus antigos CDs pra um dia mostrar para meus netos que já existiram músicas lindas?
Ou será que o problema sou eu?
Caramba!
Será que tem realmente um sentido a mais para o tchu, tcha, tcha, o lê, lê, lê...?
Será que é algo realmente diferente e sou eu que não estou sabendo?
Será que por fim, depois de ter escrito tanto, a conclusão é que eu tenho que me reciclar sexualmente?
Só me falta!