Pussy Riot

*Por José Calvino

Domingo, como faço sempre, com meu amigo Azambujanra, subi ao Morro da Conceição. Lá, estavam alguns carolas e beatas orando: “Virgem Santíssima, que fostes concebida sem o pecado original e por isto merecestes o título de Nossa Senhora Imaculada Conceição, e por terdes evitado todos os outros pecadores...”.

Rapidamente, Azambujanra logo lembrou de uma polêmica “oração”, que ridiculariza o presidente da Rússia na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou. Na conversa dei a minha opinião universal em favor dos direitos humanos. Acho que, claramente, devemos ser contra a condenação das três integrantes do grupo russo de punk rock Pussy Riot. O caso, que adquiriu dimensão internacional, diz respeito a três jovens: Maria Alejina, Nadejd Tolokonikova e Yekaterina Samutsevich, que foram consideradas culpadas de “vandalismo motivado por ódio religioso” por sua performance do dia 21 de fevereiro do corrente ano. A juíza Syrova atribuiu a cada uma das integrantes dois anos de trabalhos corretivos em uma colônia penal feminina. Manifestações a favor das artistas já foram realizadas na Rússia e com perspectiva nas principais cidades do exterior. Por sua vez os Estados Unidos pediram à Rússia que reconsidere o veredicto negativo sobre a liberdade de expressão.

A porta-voz Nuland, afirmou em um comunicado estar admirada: “Dizem que naquele país existe democracia, mas punem jovens por simplesmente orarem pela saída do Putin”. Mas, ironicamente, quem de fato está ganhando com tudo isso é a banda Pussy Riot, até então desconhecida na própria Rússia. O caso dividiu profundamente a sociedade russa e repercutiu mundialmente. Muitos bispos e fiéis denunciaram a profanação e o ato de fazer aquela encenação na Igreja Ortodoxa Russa. Mas outros, religiosos, consideraram o julgamento desproporcional e fizeram com que a Igreja pedisse às autoridades “clemência” com as três garotas. Até o próprio presidente Vladimir Putin considerou a sentença muito rigorosa.

As jovens já receberam uma enorme quantidade de apoios procedentes do mundo inteiro e Azambujanra, já animado, começou a imitar a banda com os dedos polegar e indicador das duas mãos em forma de “o”, virando-as como uma máscara: “Virgem Maria, mãe de Deus, livrai-nos do Putin...”. Um leigo então perguntou a Azambujanra: “Quem é esse putinho?” Azambujanra respondeu, rindo a valer: “Pergunta ao presidente Putin!”, e o leigo do Morro: “Oxente! Não é Dilma?”.

* Escritor, poeta e teatrólogo. "Blog Fiteiro Cultural" - http://josecalvino.blogspot.com/

José Calvino
Enviado por José Calvino em 21/08/2012
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