DOS COSTUMES DA PARAFINA, BRILHANTINA AO GEL

Houve tempos em que para os dançarinos terem uma boa desenvoltura nos salões, raspava-se a parafina e a salpicava pelo assoalho. Os casais deslizavam pelo chão que mais parecia uma patinação no gelo.

Quando bem pequeno, em Raposos, lembro-me de meus familiares preparando o salão de festas do “Hotel dos Ingleses” para os bailes dos sábados à noite. Morava perto do local e pudia ficar bisbilhotando a arrumação.

Parafina no chão, ciprestes nas colunas gregas e a entrada triunfal adornada com bambus em forma de arcos. Tudo era motivo de festa. O acesso para moradores vizinhos da cidade era feito pela antiga estrada de rodagem que ligava Belo Horizonte/Rio de Janeiro – passando pelo Taquaril - ou pela ”Maria Fumaça” transitando na estrada de ferro da Central do Brasil.

Esse salão recebera Aguinaldo Timóteo, Ângela Maria, Clara Nunes … dentre tantos outros artistas do rádio.

Os costumes das danças não pararam por aí, não. De salão novo, já na década de 60 e 70, o Estrela Futebol Clube, em Raposos, realizava as horas dançantes nos matinées, soerés e nos bailes noturnos. Aí, comecei a frequentá-las.

Conjuntos como Célio Balona, Geminin 7, Gárgulas, GT Trio, Turbulentos, Banda Tabajara, Valdir Silva e outros representantes maiúsculos da nossa música abrilhantavam as festas.

Dos costumes vinham as linguagens.

- Uma brasa, mora?

- Tô fervendo!

- Chuchu beleza!

Quando se achegava a uma mulher com fins de transa:

- Me dá um tiquim?

Já na geração do “gel”, na linguagem moderna, “Conjunto” virou “Banda” e o “tiquim” virou “rala e rola”, “se eu te pego!”. E, a forma mais econômica de se expressar qualquer outra coisa é a fática, tipo:

- Gostaria de te dizer…tipo!…

- Tipo?...

- Éh! Tipo… Vamos dar uma saída?

- Prá tipo? …

-Tipo, prá!...

- Prá tipo?!?! …

- Sim! …Tipo!…

- Você devia … tipo … ter me dito, logo! Tipo… topo!

Antônio Calazans

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Linguagem fática, costumes, tradições, décadas de 50, 60 e 70