Estudo chato!, por Fábio C. R. Mendes*, sobre ELEGÂNCIA (etiqueta) e Pensar é transgredir, por Lya Luft.

Reportagens

http://filosofarpreciso.blogspot.com.br/2010_08_01_archive.html

Literatura, muito prazer

Literatura na Educação Infantil: para começar, muitos livros

Literatura do 1º ao 5º ano: ajude os alunos a ler com autonomia

Literatura do 6º ao 9º ano: ensine a teoria sem deixar de lado as práticas de leitura

Oito ações para construir uma escola leitora

Como incentivar o hábito de leitura entre os adultos

Regina Zilberman fala sobre a leitura nas escolas e a importância do professor ser um leitor

Roger Chatier - O especialista em história da leitura

Projeto institucional

Formação de professores leitores

Fórum

Debate sobre a formação do leitor literário com Patrícia Diaz

Biblioteca virtual

Indicações de leitura para todas as etapas de ensino

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Estudo chato!, por Fábio C. R. Mendes*

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Será que estudar é realmente tão chato ou achamos porque outros tanato falam assim para nós?

“Estudar é chato”: essa é resposta mais frequente dos alunos à pergunta de por que não estudam. Eles reconhecem que o estudo é importante no mercado de trabalho, que é preciso ter cultura, que vão precisar estudar ao longo dos anos e até que suas vidas seriam melhores se gostassem de estudar. Contudo, nada disso faz com que o estudo deixe de ser o que é: “chato”. Esta é a opinião da grande maioria.

Convivo diariamente com esse tema há quatro anos, desde que comecei a trabalhar com alunos de diversos colégios, públicos e privados, sobre hábito de estudo. Levo a ideia de que o estudo não é necessariamente chato: o que há é um tipo de estudo bastante comum com as características da “chatice universal”. Vejamos quais são elas, para vencê-las.

Falta de objetivo: Qualquer coisa que fazemos sem um objetivo será chata. O mesmo vale para o estudo. Que objetivos poderiam ser estes? Uma prova, a aprovação no ano letivo, o vestibular, uma profissão ou a realização de um sonho. É preciso parar, pensar e descobrir qual é esse objetivo. O ideal é que seja de um prazo longo e que o aluno veja na sua rotina a construção deste objetivo.

Imposição externa: Você gostaria de ir ao cinema se sempre fosse acompanhado por alguém que o vigia, opina sobre tudo e critica seu modo de apreciar o filme? Se assim fosse, certamente o prazer iria por água abaixo. É isso o que ocorre com o estudo: por anos, sofremos a imposição externa e só isso já faz dele chato. Precisamos entender que nossos objetivos devem nos motivar.

Ineficiência: Você continuaria gostando de ir à academia se nunca obtivesse os resultados desejados? Pois anos de estudo individual improdutivo fazem desta atividade chata. A solução é melhorar a preparação (local, material e conteúdos) e ter método de estudo.

Empecilho ao descanso e ao lazer: Nem a mais bela namorada teria lugar em nossas vidas se impedisse nosso contato com amigos ou se ligasse sem parar, interrompendo toda e qualquer soneca. Se o estudo sempre tirar espaço do descanso e do lazer, ele será um carrasco cruel. Devemos investir na programação de nossa rotina. Assim, descobriremos horários absolutamente livres, os quais são os momentos ideais de estudo.

Observando esses pontos, o estudo poderá deixar de ser chato. E é importante que se diga: existe sim o estudo prazeroso. Portanto, estudantes, não percam as esperanças!

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Pensar é transgredir, por Lya Luft

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Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.

Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.

Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.

Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!"

O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.

Sem ter programado, a gente pára pra pensar.

Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.

Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.

Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.

Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.

Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo.

Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos.

Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.

Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.

Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado.

Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.

Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.

Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.

E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.

Lya Luft

http://filosofarpreciso.blogspot.com.br/2010_08_01_archive.html

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SOBRE ELEGÂNCIA

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Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento. É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.

A elegância de comportamento” é uma elegância própria, “desobrigada” e natural. Isso porque ela não tem a ver com manuais de etiqueta, mas com convicção pessoal. Trata-se de uma postura que decorre de um profundo respeito por si e pelo outro.E é por isso uma elegância desobrigada.

É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto.É uma elegância desobrigada.

É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.

É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas, por exemplo. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros.

É possível detectá-la em pessoas pontuais. Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.

Oferecer flores é sempre elegante. É elegante não ficar espaçoso demais. É elegante você fazer algo por alguém, e este alguém jamais saber o que você teve que se arrebentar para o fazer... porém, é elegante reconhecer o esforço, a amizade e as qualidades dos outros.

É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.

É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.

É elegante retribuir carinho e solidariedade.

É elegante o silêncio, diante de uma rejeição...

É elegante a gentileza.

Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto. Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.

Atitudes gentis falam mais que mil imagens. Abrir a porta para alguém é muito elegante... Dar o lugar para alguém sentar, sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma. Oferecer ajuda.é muito elegante. Olhar nos olhos, ao conversar é essencialmente elegante.

Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas tentar imitá-la é improdutivo. A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social. Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os desafetos é que não irão desfrutá-la.

Extraído do livro: EDUCAÇÃO ENFERRUJA POR FALTA DE USO, pintor francês Toulouse-Lautrec (1864-1901).