Ponto de equilíbrio
Não raro, me pego repugnado dos conservadores. Talvez associe atitudes violentas justificadas pelos praticantes como extensão do pensamento desse seguimento. Na verdade, detesto senti-lo em mim, numa espécie de expurgo manifestado como projeção. A mesma repugnância me ocorre com a identidade estabelecida pelos vanguardistas de plantão, muitos deles prontos às contestações pela bandeira em detrimento da razão que originou a idéia cujo surgimento imagino ter ocorrido para atender prementes necessidades humanas. Evidentemente não iria entrar no mérito dos pensamentos justamente porque não recordo de nenhuma ideologia em que todos os elementos de sua estrutura sejam desprezíveis. Há falta de humildade reflexiva para que os dois lados reconheçam méritos nas soluções do pensamento um do outro. Nesse momento estou desconfortável com o patrulhamento de minha autocensura que entope meu raciocínio com memórias pró e contra cada uma das idéias. Uma coisa é certa: esse deve ser um dos maiores conflitos que permeia as sociedades em todos os níveis, até porque é aplicável a qualquer uma delas, independente dos seus costumes. Achar o ponto de equilíbrio para o conservador parece ser instabilidade e para o vanguardista, estática. Para os radicais, mudanças demais e para os contestadores, imobilismo. Eles, salvo engano, sempre me pareceram distantes tanto de cada pessoa como do povo (respectivamente) para os quais supostamente se extenuam em lutas para fazerem valer as suas idéias.