SANTA CASA: A MORTE DE UM HOSPITAL HISTÓRICO!
O óleo de fritura de uma fábrica clandestina de salgados que funcionava em seu interior e que produzia de 600 a 700 salgadinhos por dia, sem higiene, água ou luz, deve ter escorrido pelos escalpes de soros, envenenando as veias das autoridades de saúde do Estado, se espalhado pelos seus largos corredores em madeira de lei, e invadido até seus corações, matando completamente a sensibilidade para a reabertura do prédio histórico da Santa Casa de Misericórdia de Manaus.
O local onde fiquei internado em minha juventude e também nascera o articulista José Ribamar Bessa Freire, a filha da apresentadora de TV, Babby Rizzatto; falecera o ex-governador do Amazonas, Álvaro Maia no dia 4 de maio de 1969, assistido pelo seu médico Dr. Osvaldo Said, acompanhado da enfermeira e prima Maria Helena Paiva Monte e do amigo Dr. Erasmo Alfaia; e aonde também se internara a mãe do ex-governador do Estado, Gilberto Mestrinho, a Sra. Balbina Mestrinho, parece que não será reaberto nunca mais, pois sequer faz parte das discussões políticas dos candidatos a prefeitos de Manaus.
Mesmo possuindo 17 consultórios médicos e oftalmológicos, 202 leitos distribuídos em apartamentos e enfermarias das áreas clínica, cirurgia e de maternidade, cinco salas de UTI, lavanderia, laboratórios, cozinha, banco de sangue, banco de olhos e salas administrativas, a Santa Casa está falecendo à míngua! Também na Santa Casa – poucos sabem - foi realizada a primeira cirurgia de transplante de córnea bem sucedida no Estado na década de 1980, com as presenças dos Drs. Juan Villa Benayto e Expedito Teodoro e registrada por mim no Jornal A Notícia, quando era repórter.
O entupimento nas veias das autoridades de saúde do Estado e do Município parece que está chegando à beira do ridículo porque preferem investir em projetos de novos hospitais do que recuperar uma estrutura que está pronta para funcionar, merecendo apenas alguns reparos; como mereceu muito bem por anos e que, agora, está falecendo aos poucos, vítima da ganância das cifras e da insensibilidade social das autoridades.
Não terá sido por falta de apelo político e da sociedade como um todo que o prédio histórico inaugurado no ano de 1880, deixará de ser reaberto para novamente atender “a necessidade de internação de pacientes destituídos de recursos (...) e sem famílias e moradias”. Sua abertura fora prometida pelo atual governador do Estado Omar Aziz e pelo ex-prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento, mas isso não aconteceu, embora o Estado ainda esteja deficiente em número de leitos hospitalares.
Será que o estacionamento explorado pelos“flanelinhas” ou as águas do lava jato clandestino que também funciona no local estão envenenando as veias dos atuais candidatos a prefeitos, vereadores políticos e dos presidentes das Comissões de Saúde da Câmara e da Assembléia Legislativa do Estado, ficaando todos incapazes de ver que o local que é uma parte da história social e sentimental da sociedade do Amazonas, considerado um símbolo de eficiência e aonde já nasceram muitas pessoas importantes por ter sido a única maternidade existente em toda a cidade e no local e terem sido internadas outras tantas pessoas importantes de Manaus, do Amazonas e do Brasil, como o senador Álvaro Maia e Sra. Balbina Mestrinho, mãe do ex-governador Gilberto Mestrinho não merecerá ser restaurada e devolvida à sociedade?
Ou será que por não haver dividendos financeiros às autoridades preferem investir milhões em novas construções em vez de promoverem dividendos sociais ao povo com a reabertura de um prédio histórico para a cidade de Manaus? Estranho! Muito estranho que uma estrutura pronta e que já funcionou não possa voltar a funcionar novamente!
Pelo menos permitam que outras gêmeas como Ana Maria e Mariana de Castro Beviláqua possam viver outros vinte e quatro anos em tratamento no setor de neurologia e que não tenham diagnóstico da síndrome de Segawa e nem tenham paralisia cerebral!
Ou que a ex-telefonista Nely Mendonça possa novamente atender a mais uma ligação e o sistema de fonia da Santa Casa em vão, fique chamando o Dr. João Lúcio Pereira Machado, falecido há anos e hoje dando nome a um pronto socorro na Zona Leste, para “atender ao telefone”! Essa é uma utopia possível, ainda!