PROFESSOR RUIM, COORDENADOR BOM, ALUNO ESPERTO ("Todas as pessoas cruéis descrevem-se como modelos de sinceridade." — Tennessee Williams)
O professor "ruim", sem imposição, deixa o aluno fora da sala na hora de sua aula. O coordenador "bom" é aquele que inspeciona, o tempo todo, nos corredores do colégio, tangendo alunos para dentro da sala de cada um. E o aluno "esperto" é aquele driblador do sistema, usando o comportamento mais bizarro possível, e ainda se justificando com desculpas bem elaboradas.
Quando o professor fala dessa (de)gradação, ora joga o aluno contra a coordenadora, ora, esta contra o aluno. Então, ele se une ao adversário alternativo para ir contra a ameaça comum e iminente. Argumentos compatíveis (Professor ao aluno): — "Muitos coordenadores estão nesta função, porque jamais dão conta da sala de aula, agora querem ensinar-nos a dar aulas". Responde o aluno ao professor: — "essa coordenadora é chata, nem tem o que fazer, a não ser correr atrás de aluno"!
Quando o aluno fala dessa (de)gradação, ora joga o professor contra a coordenadora, ora, esta contra o professor. Então, ele se une à adversária alternativa para ir contra a ameaça comum e iminente. Argumentos compatíveis (Aluno à coordenadora): — "Já fiz minhas tarefas, esse professor não está passando nada, é melhor aqui fora a assistir à aula desse velho caduco que nunca sabe nada"! Responde a coordenadora ao Aluno: — "É triste, saber que o professor tampouco tem um planejamento. Até os alunos percebem! Eu fico com vergonha. E pergunto por que vocês estão fora da sala, e o professor nem sabe"!!!
Quando a Coordenadora fala dessa (de)gradação, ora joga o professor contra o aluno, ora, este contra o professor. Então, ela se une ao adversário alternativo indo contra a ameaça comum e iminente. Argumentos compatíveis (Coordenadora ao professor): — "O professor deve passar outra atividade enquanto dá visto nos cadernos, e tem que ir à carteira do aluno, para não ficar aquele monte de urubus em cima da carniça. A gente chega na porta e nem vê o professor sentado à mesa". Responde o professor à coordenadora: — "Esses alunos de forma nenhuma vêm estudar, entram e saem sem controle algum, são os alunos muriçocas, lancham e voam".
Recentemente aconteceu em uma das minhas aulas no segundo ano "D", quando a vice-diretora mandou o aluno, por estar atrasado e ter pulado o portão para dentro da unidade, sair, então ele cismou em não sair; assim sendo, de modo algum podia ficar assim tão feio, a "autoridade" resmungou, deu uma voltinha, pediu desculpas e o deixou quieto. O transgressor sem mérito prevaleceu. Assim ensinamos a eles: façam as suas vontades, o Cliente sempre tem razão. Entrem e saiam quando bem entenderem. Tudo faz parte do drama. Logo, alunos ficam mais fora do que dentro da sala se vingando dos seus professores chatos, pois a coordenadora dá bronca no "teacher". Que sentimento é esse, com o qual eles se submetem, mesmo sendo tocados à sala como animais ao curral, duas e até três vezes em uma aula só?
Eu já devia ter me acostumado com essas comédias tragicômicas, mas, ouvir chacotas de coordenador pedagógico na reunião emergencial no momento do recreio é muita cumplicidade, ninguém merece!!! Nós precisamos mesmo é do renascimento da consciência.