Reflexão sobre as discrepâncias
Discrepância = DESIGUALDADE
Acordei com esta palavra no meu pensamento. Além de ser uma palavra forte e com um som desagradável, bem me mostra o quanto este mundão tem mudado, a cada dia, a cada minuto que passa. Sei que existem pessoas maravilhosas, discretas, atenciosas, educadas, floridas; isso o mundo jamais tirará. Os corações que são bonitos podem ficar tristes muitas vezes, mas a sua essência continua.
Voltando à realidade, ao passar em frente a um supermercado, ontem de manhã, vi uma cena que não era apenas chocante, mas de tal modo de desrespeito ao idoso, já tão cansado de viver nesta terra de ninguém que o mundo se transformou. A quantidade de carros é maior que as vagas de estacionamento e todos sabem disso. Ao invés de buscar uma maneira de facilitar esta tortura, que é a gentileza num pequeno gesto ou a tolerância na busca de um cantinho para estacionar, muito mais fácil é guinchar o veículo e multar, não é? A reação dele, de cabelos brancos, não foi de gritar. Ele chorou copiosamente, sob o olhar frio do guarda municipal. Sinceramente, onde está a tolerância? Se regras foram feitas para serem seguidas, que as sejam, mas para todos!
Ah, eu presumo que a tolerância esteja na Terceira Ponte. Uma mulher completamente alcoolizada, sem habilitação, deu um show muito feio para todos. Tentou fumar uma nota de cinqüenta, ligar o carro arrebentado com um canudinho e tudo que ganhou foi uma pequena multa – para o carro – e uma carona para casa! É ou não é algo que tira alguns poucos do sério? Digo poucos, porque tem muita gente que adorou o que viu e ouviu. E ela ainda fala abertamente da facilidade de burlar os que cuidam das madrugadas, de sua ineficácia. Ela ganhou seus minutos de fama e se fosse minha filha pensaria duas vezes antes de entrar em casa.
Poderia andar com um caderninho e anotar os absurdos que se vê, desde as filas em todos os lugares e até nas igrejas, sem citar as redes sociais. O futuro chegou com força. As pessoas andam sem paciência, sem respeito às outras e o que é completamente errado e ridículo é aplaudido. Quem se esforça para ser legal é chato. O que falta é muito pouco, eu acho e este pouco se chama respeito ao próximo.
Nesta semana revi pessoas que não via há muitos anos. Como a minha sensibilidade é muito aguçada, pude perceber na força dos abraços o afeto de cada um, a capacidade de doar-se, de acariciar um rosto querido, uma alegria imensa ou apenas uma forma de boa educação. Vi olhos tristes, outros cheio de emoção e lágrimas. Vi pessoas sorrindo, iluminadas. Vi outras ansiosas, com saudade de um tempo lindo de nossas vidas. Tempo de sobrevivência e de dedicação imensa.
Será que é tão difícil assim fazer uma tentativa de melhorar um tiquinho este mundo? Como podemos julgar alguém que nunca encontramos na vida? O que nos dá o direito de machucar o outro? Muitos de nós somos extremamente educados. Outros são tão formais que temos receio de chegar perto. Os que reclamam e os que se escondem numa capa de ferro...
Os domingos realmente têm trazido pensamentos para que os escreva, com a coragem de dizer que eu sou um grão de areia no mar de tubarões ferozes.
Lá fora, o sol brilha. Aqui dentro, muito mais. Eu amo e sou amada.
Domingo de 19 de agosto, 2012
Foto principal: F_Nestares
Foto de fechamento: Google Images